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Sobre o livro
Cumpridos nove anos e três meses de exercício da direção do MNAA, entendi ser meu elementar dever - imposto a um tempo pela condição de dirigente público, prestando contas no ato de cessar funções e de historiador, curando das fontes que alicerçarão o escrutínio do futuro - dar à estampa um conjunto de textos, em boa parte inéditos ou de acesso pouco prático, que, entre si, permitirão desenhar o que foi o exercício desta quase década ao leme daquela que é, consabidamente, uma das grandes instituições culturais portuguesas. Pela singularidade das circunstâncias que rodearam esse exercício, são peças importantes, creio, para a História do Museu Nacional de Arte Antiga, entre todas se configurando, no arco que desenham, o pensamento e o programa de ação desenvolvidos, bem como, naturalmente, os respetivos avatares. Aqui ficam, pois, simplesmente, ad perpetuam rei memoriam.
Nove anos e três meses que passaram num ápice, mas que não deixam de configurar quase uma década. Tempo sobejo, pois, para que (bem ou mal) se cumprisse o projeto que desenhei para o Museu, pelo que, em conformidade, chegou o tempo de sair - com o reconfortante sentimento de haver cumprido a minha parte do contrato, a que então me comprometi, de defendê-lo e promover a sua marca. É assim tão simples. Importa, contudo, que se diga que não se tratou do meu projeto: mas, tão só, de uma visão estratégica, ideada ao serviço do Museu e do eficaz e elementar cumprimento da sua própria missão. Por isso a vertigem destes dias (de todos eles) foi vivida em partilha plena e cumplicidade inteira por toda a equipa (essa equipa ímpar) a qual, de igual modo, lhe aplicou inteiros o coração e a alma. É, a essa ideia por todos comungada que, essencialmente, me orgulho de ter dado, nestes anos, o meu contributo próprio: como um mais, numa cadeia que atravessa o tempo.