Sobre o livro
Com Bukowski, não há meio-termo: ou se ama ou se odeia. Estas histórias, inspiradas na sua própria vida, são tão selvagens e inusitadas quanto as histórias dos seus romances. Bukowski foi uma lenda no seu tempo. Louco, recluso, amante. Afável e mesquinho. Lúcido e insano. Sempre inesperado. Estas histórias excepcionais vêm directas do âmago de uma vida, a que viveu, marcada pela violência e pela depravação. Histórias de liberdade, tão profanas quanto sagradas. Da prostituição à música clássica, Bukowski faz, nestas Histórias de Loucura Normal, um retrato irado, apesar de terno, bem-humorado e inquietante, da vida marginal de Los Angeles, uma realidade obscura e perigosa que emoldurou a vida de um dos maiores autores de culto do século XX. Histórias, afinal, da loucura que espreita dentro de cada um de nós, que faz do corpo uma marioneta e que não desaparece senão com a morte.
Newsweek
«Realismo sem artifícios, do padrinho da literatura marginal.»
Uncut
A disparidade narrativa é evidente, salta-se de tema para tema como numa conversa de café. Há textos que excedem a clareza do discurso pelo desvairo dos argumentos (um cobertor assassino, uma mulher com um jardim zoológico em casa…), deixando-nos na dúvida sobre possíveis alusões metafóricas. Enraizados num cinismo clássico, outros textos são mera prosa diarística, resvalam para a crónica de costumes, relatam momentos e circunstâncias aparentemente reais com frequente e declarado desdém para com o universo literário predominante e uma ironia que não pode ser confundida com auto-indulgência. São inúmeras as passagens em que a autocrítica ultrapassa os limites da sanidade, confessam-se tendências suicidas, espelham-se e assumem-se defeitos insuperáveis, é como se a escrita fosse uma automutilação.