Hipopótamos em Delagoa Bay
de Carlos Alberto Machado
Sobre o livro
Hipopótamos em Delagoa Bay é um tratado de cobardia sem mestre. Um ajuste de contas com a traição. Um inventário de escombros. Um elucidário de sonhos. Um jogo de memórias. Um ordálio. Uma expiação. Política. Corpos. Paixão. Linguagem. | No século XVIII, em Moçambique, a coroa austríaca instaura uma feitoria em Delagoa Bay - o nome inglês para a baía de Lourenço Marques, ou do Espírito Santo. Um século e meio depois, uma família alentejana, que teve nessa feitoria um antepassado traficante de marfim chega a Lourenço Marques, na altura em que Portugal começava a construir um país, outro país. Hermínio Quaresma, o último representante dessa família, chega até aos nossos dias atravessando a revolução portuguesa e a independência moçambicana. Uma peregrinação pessoal que atravessa tempos e lugares, os das revoluções, dos encontros e desencontros amorosos. A fazer e a desfazer estórias e a História.
Hipopótamos em Delagoa Bay é romance de tudo isto. Sempre atravessado por uma dúvida: «houve aqui alguém que se enganou»?
Carlos Alberto Machado organiza o romance em partes relativamente breves, encimadas por títulos entre parêntesis retos onde vamos antevendo o percurso do apelido Quaresma nas terras de Moçambique. O tom é bastante crítico e, de certo modo, elegíaco. O desencanto que ressoa em "Hipopótamos em Delagoa Bay" é lúcido, é o desencanto dos desenganados, das vítimas do jogo político e do abandono a que são votados os povos, tratados como lixo pelo poder que arquitecta as ruínas e as quedas dos impérios. Melhor fora que continuássemos a poder ver hipopótamos na baía, sem nome nem ansiedade, sem medo nem feridas por sarar. Isso sim, seria verdadeiramente revolucionário.