Amor Terapêutico
de Eduardo Brito Aranha
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Editor:
Padrões Culturais
Edição:
julho de 2009
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Sobre o livro
Inspirado em vivências de zonas urbanas e suburbanas, onde para além da profissão de médico, o desempenho leva a outras funções, como psicólogo, assistente social, confessor, juiz, pedagogo, irmão e muitas das vezes, pai, Eduardo Aranha, mestre na arte de (re)criar personagens singulares, transforma histórias quotidianas em contos excepcionalmente hilariantes assentes num estilo mordaz e numa linguagem expressivamente visual.
Excertos
«Especado, de copo na mão, a ver os outros na marmelada com as
raparigas, ali ficava o Artur, a tentar sentir-se pessoa. Uma vez uma,
bem jeitosa por sinal, devia ter tido pena de mim, porque andava a
estudar para assistente social, veio buscar-me para dançar, talvez para
perceber melhor os pobres de afecto, era um slow, agarrou-me e ela
apertava tanto, que eu até lhe sentia os peitos colados a mim e o cheiro
do cabelo dela no meu nariz. […] Tirando a experiência com essa, apesar
de tudo, gratificante mas única, nunca mais tive na minha vida nada de
jeito. Só dava com estafermos, gordas, pirosas, bigodudas, pudiquinhas,
hipermoralistas, todas umas freirecas saídas de orfanatos de terceira
classe. Comecei a convencer-me que era só isso a que teria direito.
O meu pai quando via alguém muito feio na rua, costumava dizer:
Quando nasce um sapo, nasce sempre uma sapa. Pronto, seria então uma
sapa que eu tinha de procurar. Quando me olhava ao espelho, humilhantemente
concluía: Artur, lá terás de ir ao pântano procurar a tua sapa.
Limitei-me miseravelmente a casar com um camafeu, que nem
escolhi, ela é que me escolheu. Conheci-a quando uma vez fui ter com
o meu irmão à Faculdade de Medicina, ao bar da sala de alunos e,
já que ele não gostava delas, ao menos que ficassem para mim. Pior que
aquela que me calhou como esposa, só deveria haver dentro de algum
frasco na Anatomia Patológica. É que nem para um quadro de Bruegel
ela servia de modelo. Nem cubista. Assim não se estragaram duas casas
com a fealdade, iam dando a entender os meus irmãos em constantes
referências hipócritas ao namoro. Além disso, eu nunca correria o perigo
de ser atraiçoado, ninguém a cobiçaria, nem mesmo um invisual que
esses, com o tacto, entendem tudo.»
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Detalhes do produto
Amor Terapêutico
ISBN:
9789898160478
Ano de edição:
07-2009
Editor:
Padrões Culturais
Idioma:
Português
Dimensões:
151 x 223 x 8 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
128
Tipo de Produto:
Livro
Coleção:
Paixões Mundanas
Classificação Temática: