Tillie Olsen
Biografia
Tillie Olsen (1912-2007) nasceu no Nebraska, no seio de uma família de judeus russos, e cedo se envolveu no activismo político. Presa em 1934, durante a greve geral de São Francisco, foi perseguida no macartismo e aderiu à luta pelos direitos civis nos anos 60. Gozou de grande reputação no movimento feminista, e a sua breve mas intensa obra ficcional é fruto de uma estreia literária tardia, possibilitada por bolsas e dificultada por vicissitudes familiares. Os ensaios reunidos em Silences (1978) impressionaram Anne Sexton e Sandra Cisneros e fizeram uma geração de escritoras reclamar um lugar no mundo das letras. Tillie Olsen sempre defendeu uma literatura capaz de preencher «os silêncios que impedem vidas de se converterem em escrita» e de dar voz «àqueles cujas horas de vigília são uma luta pela sobrevivência, aos iletrados e às mulheres».
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Conta-me Uma Adivinha
Ler Conta-me Uma Adivinha (1961), a obra mais famosa de Tillie Olsen, é «um longo baptismo nos mares da humanidade», nos quais é «melhor mergulhar do que viver como se nada fosse». Este clássico americano inclui quatro contos dos anos 50 e 60, e nele avistamos vários náufragos num oceano de adversidades e cujas vidas Tillie Olsen resgata com nobreza: a mãe angustiada de «Estou aqui a engomar», que reflecte sobre a filha e o seu espírito vincado pela Grande Depressão; o militante marinheiro Whitey, que afoga a solidão em copos de uísque e entre velhos amigos, em «Eh, marujo, que navio?»; as crianças de «Oh, sim», a história de uma amizade varrida pelas ondas da segregação; e, em «Conta-me uma adivinha», Eva, uma velha matriarca à beira da morte, decidida a remar contra a maré da sociedade patriarcal. Em linhas com «uma pureza e uma dignidade extraordinárias», segundo Alice Munro, as vozes submergidas pela vida doméstica encontraram uma merecida expressão poética, rara até então.