Manuel de Góis
Biografia
Nasceu em Portel em 1543 e faleceu em Coimbra em 1597. Tendo ingressado na Companhia de Jesus em 1560, e leccionado no Colégio das Artes em Coimbra (1574-82), foi o responsável pela edição da maior parte dos volumes que constituem os Comentários a Aristóteles do Colégio de Coimbra da Companhia de Jesus, designadamente a Physica, o De Coelo, o De Generatione, os Meteorológicos, os Pequenos Naturais, o De Anima e a Ética (de que o presente Tratado da Felicidade faz parte).
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Sobre os Três Livros do Tratado Da Alma
No século de Camões, de Gil Vicente e de Pedro Nunes foi publicada em Coimbra e em Lisboa a obra maior e mais internacional da filosofia portuguesa, os Comentários Conimbricenses da Companhia de Jesus, sobretudo da autoria de Manuel de Góis. Descartes, Peirce, entre outros, estudaram por essas páginas, cujo texto sobre o 'De Anima' conhece agora a primeira tradução do latim numa língua viva. O Comentário fez parte do curriculum dos Colégios Jesuítas do Atlântico aos Urais, marcou o ensino no Brasil e na Índia, sendo também, provavelmente, o primeiro texto de filosofia ocidental a conhecer uma adaptação em língua chinesa. Numa época de globalização como é a nossa, bom será que se reconheça a importância que o Curso Conimbricense teve ao contribuir para a criação de uma cultura universal com todas as suas consequências, designadamente a que envolveu a difusão de valores hoje considerados inquestionáveis no domínio dos direitos do homem, no respeito pela natureza e no reconhecimento do valor da ciência e da religião, em todas as suas vertentes. Tanto ou mais do que a explicação da psicologia de Aristóteles, o leitor encontrará a surpresa de uma filosofia renascimental nas suas múltiplas temáticas, desenvolvida de um modo sistemático, mas aberto, cuja actualidade ou perenidade se pode aferir pelo eco que os autores dão à ciência da alma: a mais nobre de entre as demais, já que ninguém se pode conhecer a si mesmo nem ao Universo se não se debruçar sobre os segredos que a alma encerra e que são simultaneamente únicos, porque individuais, e universais.