Ma Jian
Biografia
Ma Jian nasceu em Qingdao, China, em 1953. Trabalhou como aprendiz de relojoeiro, pintor de painéis publicitários e fotojornalista. Aos 30 anos, abandonou o emprego, viajou ao longo de três anos através da China e concluiu o primeiro romance – que levou o governo chinês a proibir os seus futuros trabalhos. Em 1987, Ma Jian trocou Pequim por Hong Kong, e escreveu o romance Beijing Coma sobre os acontecimentos de Tiananmen. Mudou-se para a Alemanha e depois para Londres, onde vive atualmente. Red Dust [Poeira Vermelha], o relato ficcionado das suas viagens pelo interior da China, obteve o prémio de literatura de viagem Thomas Cook. Recebeu também o China Free Culture Prize e o Athens Prize for Literature.
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O Sonho da China
Ma Daode acaba de ser nomeado diretor da Repartição do Sonho da China, um novo organismo que pretende substituir, até por meios tecnológicos, os sonhos privados de cada pessoa pelo grande sonho da China anunciado pelo «plano de rejuvenescimento nacional» do presidente Xi Jinping.
O slogan está em toda parte, em outdoors, discursos e anúncios - e mistura patriotismo e autoajuda com os «objetivos gémeos de resgatar o orgulho nacional e alcançar o bem-estar pessoal».
Ma Daode gosta de sexo e de dinheiro, tem poder, uma dúzia de amantes que lhe enviam mensagens para vários telemóveis, uma filha que estuda em Londres, um gabinete moderno e uma riqueza considerável, alimentada por anos de corrupção. Tudo vai, portanto, correr bem - até que começa a ser atormentado pelas memórias da Revolução Cultural dos anos 1960 e do seu historial de horrores, violência, morte e destruição. O seu «sonho da China» cruza-se com o «pesadelo da China», e com o desfile de imagens do caos e dos fantasmas do passado. O que levanta um problema: se o Partido tem acesso a todos os sonhos individuais, então Ma Daode tem de esconder esses pesadelos proibidos e apagar a memória. Como vai fazê-lo?
Mais do que uma distopia, O Sonho da China é um passeio tragicómico pelos horrores e absurdos do poder totalitário. Mas o riso abre as portas a um caos povoado de fantasmas e de acontecimentos que não conseguem ser esquecidos na história da China de hoje.
O slogan está em toda parte, em outdoors, discursos e anúncios - e mistura patriotismo e autoajuda com os «objetivos gémeos de resgatar o orgulho nacional e alcançar o bem-estar pessoal».
Ma Daode gosta de sexo e de dinheiro, tem poder, uma dúzia de amantes que lhe enviam mensagens para vários telemóveis, uma filha que estuda em Londres, um gabinete moderno e uma riqueza considerável, alimentada por anos de corrupção. Tudo vai, portanto, correr bem - até que começa a ser atormentado pelas memórias da Revolução Cultural dos anos 1960 e do seu historial de horrores, violência, morte e destruição. O seu «sonho da China» cruza-se com o «pesadelo da China», e com o desfile de imagens do caos e dos fantasmas do passado. O que levanta um problema: se o Partido tem acesso a todos os sonhos individuais, então Ma Daode tem de esconder esses pesadelos proibidos e apagar a memória. Como vai fazê-lo?
Mais do que uma distopia, O Sonho da China é um passeio tragicómico pelos horrores e absurdos do poder totalitário. Mas o riso abre as portas a um caos povoado de fantasmas e de acontecimentos que não conseguem ser esquecidos na história da China de hoje.