Permanecendo ao serviço da corte régia durante 35 anos, Gil Vicente escreveu e encenou cerca de meia centena de peças, abrangendo os diferentes géneros do teatro europeu de finais da Idade Média. Apesar da diversidade que caracteriza a sua obra do ponto de vista temático e formal, nela sobressaem linhas de coerência que permitem estabelecer importantes ligações entre os autos. Assim sucede desde a Visitação e o Auto Pastoril Castelhano (ambos representados em 1502) até Floresta de Enganos representada em 1536, que constitui o epílogo de uma criação invulgarmente extensa, regular e continuada. Ao longo dos diferentes ensaios que compõem o presente volume, procura demonstrar-se a unidade e a singularidade de uma obra que, por motivos vários, não mais se repetiu na história da cultura portuguesa e peninsular.