Joana Amaral Dias
Biografia
Joana Amaral Dias nasceu em 1975. É psicóloga clínica, professora universitária, ativista e autora de várias obras, nas quais emprega as ferramentas e os conhecimentos da Psicologia e da Política para ler e interpretar o mundo. É, por exemplo, o caso de Maníacos de Qualidade (2010) no qual traça psico-biografias de vários vultos da sociedade portuguesa, ou O Cérebro da Política (2014), onde analisa a forma como a personalidade, a emoção e a cognição influenciam as escolhas políticas. É atualmente colaboradora da TVI. "Dilúvio Sem Deus", sobre as cheias de 1967, é o título do último livro de Joana Amaral Dias editado pela Leya/Oficina do Livro.
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Dilúvio Sem Deus
Numa madrugada de Novembro de 1967, a população da grande Lisboa, desde Estoril e Oeiras até Alenquer e Vila Franca de Xira, passando por Queluz, Loures ou Odivelas, acordou em sobressalto e deu de caras com a morte e a destruição. Em algumas horas, caiu a chuva equivalente à de um mês inteiro. O nível da água do Tejo subiu quatro metros. Os cursos de água em redor de Lisboa transbordaram. De um momento para o outro, centenas de rios e ribeiros invadiram as ruas da capital e arredores. Pessoas, animais, barracas, automóveis, mobílias e destroços diversos foram levados pela água e engrossaram caudais mortíferos que levavam tudo à sua frente, afogando homens e mulheres, arrancando árvores, demolindo habitações.
Embora as estatísticas da época de pouco valham, mais de mil pessoas terão morrido nessa noite. As maiores vítimas foram os que residiam em construções precárias e em barracas. Apesar dos esforços do governo de Salazar para ocultar a dimensão da tragédia, as Grandes Cheias de 1967 revelaram o atraso e a miséria em que se vivia no país presépio apregoado pelo ditador.
Este Dilúvio sem Deus despertou a consciência social e política de estudantes, católicos progressistas e muitos outros portugueses e funcionou como a espécie de antecâmara para o derrube da ditadora, escassos sete anos depois.
Embora as estatísticas da época de pouco valham, mais de mil pessoas terão morrido nessa noite. As maiores vítimas foram os que residiam em construções precárias e em barracas. Apesar dos esforços do governo de Salazar para ocultar a dimensão da tragédia, as Grandes Cheias de 1967 revelaram o atraso e a miséria em que se vivia no país presépio apregoado pelo ditador.
Este Dilúvio sem Deus despertou a consciência social e política de estudantes, católicos progressistas e muitos outros portugueses e funcionou como a espécie de antecâmara para o derrube da ditadora, escassos sete anos depois.