Ingeborg Bachmann
Biografia
É uma poesia com data(s), registo pungente de uma memória histórica recente, encruzilhada por onde passam e deixam marcas, na década de cinquenta, tradições que ecoam Safo, o Cântico Maior ou o Surrealismo, mas que traz uma assinatura própria, como a de alguns contemporâneos mais divulgados que também já ganharam voz em português - Celan ou Johannes Bobrowski. Vinda dos tempos negros de uma Áustria que aceitou o jugo de Hitler, Ingeborg Bachmann cedo encontrou os caminhos mais luminosos do Sul (vive em Itália entre 1953-57 e 1965-73) e da poesia, que preenche, com dois livros ("Die gestuntete Zeit"/ "O Tempo Aprazado" e "Anrufung des groben Bären/ Invocação da Ursa Maior"), a primeira década da sua produção literária.
Depois viria um tempo, a que os leitores portugueses já tiveram acesso, através da publicação do livro de contos "Trinta Anos" e do romance "Malina". A sua poética, exposta em 1959/60 nas "Lições de Frankfurt", revela uma busca obsessiva dos caminhos que permitem (ainda) à linguagem encontrar-se com o real, e à literatura - a de ontem, a de hoje e a de sempre - continuar a afirmar-se como campo aberto, a única utopia que permanentemente se concretiza.
Depois viria um tempo, a que os leitores portugueses já tiveram acesso, através da publicação do livro de contos "Trinta Anos" e do romance "Malina". A sua poética, exposta em 1959/60 nas "Lições de Frankfurt", revela uma busca obsessiva dos caminhos que permitem (ainda) à linguagem encontrar-se com o real, e à literatura - a de ontem, a de hoje e a de sempre - continuar a afirmar-se como campo aberto, a única utopia que permanentemente se concretiza.
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Malina
Obra aclamada, adaptada ao cinema por Werner Schroeter em 1991, com guião de Elfriede Jelinek e Isabelle Huppert como protagonista, Malina (1971) é o único romance de Ingeborg Bachmann, o primeiro volume da trilogia Formas de Morte, interrompida pelo trágico desfecho da autora.
Triângulo amoroso numa Viena decadente, viagem aos limites da linguagem e da loucura, encerra nas suas páginas o retrato da destruição de uma mulher. Malina é uma história sobre submissões quotidianas e condescendência masculina, sobre a conformidade às expectativas do homem, a custo da perda de identidade, replicando entre quatro paredes a opressão e o silenciamento operados por uma sociedade doente.
Triângulo amoroso numa Viena decadente, viagem aos limites da linguagem e da loucura, encerra nas suas páginas o retrato da destruição de uma mulher. Malina é uma história sobre submissões quotidianas e condescendência masculina, sobre a conformidade às expectativas do homem, a custo da perda de identidade, replicando entre quatro paredes a opressão e o silenciamento operados por uma sociedade doente.