Florbela Espanca
Biografia
Poetisa e contista. Depois de concluir os estudos liceais em Évora, frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa. A abordagem crítica da sua obra poética, marcada pela exaltação passional, tem permanecido demasiado devedora de correlações, mais ou menos implícitas, estabelecidas entre o seu conturbado percurso biográfico - uma existência amorosa e socialmente malograda que culminaria com um suicídio aos 36 anos de idade -, e uma voz poética feminina, egotista e sentimental, singularmente isolada no contexto literário das primeiras décadas do século. Na verdade, a leitura mais imparcial das suas composições, entre as quais se contam alguns dos mais belos sonetos da língua portuguesa, permite posicioná-la quer na matriz de uma poesia finissecular que, formalmente, cruza caracteres decadentistas, simbolistas (são várias as referências na sua poesia a autores simbolistas) e neorromânticos (acusando a admiração por certos autores da terceira geração romântica, como Antero de Quental), "à maneira de um epígono de António Nobre" (cf. PEREIRA, José Augusto Seabra - prefácio a Obras Completas de Florbela Espanca, vol. I, Poesia, Lisboa, D. Quixote, 1985, p. IV), quer, ainda, pela forma como a vivência do amor promove, a cada passo, uma mitificação do eu, na senda de certos autores do primeiro modernismo como Sá-Carneiro, Alfredo Guisado ou António Botto. Por outra via, a da literatura mística, Florbela Espanca reata conscientemente ("Soror Saudade") com a tradição da literatura claustral feminina que recebera, no período de maior florescimento, uma marca conceptista, mantida na poética de Florbela por certa propensão para a exploração das antíteses morte/vida, amor/dor, verdade/engano. A imagem da mulher que sofre de ilusão em ilusão amorosa, que reitera até ao desespero a sua fatalidade, que dá expressão a uma existência irremediavelmente minada pela ansiedade e pela incompreensão, acabou por, na receção alargada da sua poesia, sobrepor-se a outros nexos temáticos com igual pertinência, como a dor de pensar e a aspiração à simplicidade ("Quem me dera voltar à inocência / Das coisas brutas, sãs, inanimadas, / Despir o vão orgulho, a incoerência: / - Mantos rotos de estátuas mutiladas!" ("Não Ser"); ou a forma como a busca do amor se volve essencialmente em busca de si mesma através dos estilhaços de um ser que não sabe ser sozinho: "Ó pavoroso mal de ser sozinha! / Ó pavoroso e atroz mal de trazer / Tantas almas a rir dentro da minha!" ("Loucura", in Sonetos). Florbela Espanca.
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Florbela Espanca - Poemas
Os sonetos de Florbela Espanca são um tesouro da literatura portuguesa, destacando-se pela profundidade emocional e pela habilidade técnica da poetisa. Sua obra é marcada por uma intensa exploração de temas como o amor, a saudade, a dor, a morte e a busca pela identidade, que são abordados com uma sensibilidade e intensidade únicas. Florbela Espanca utiliza o soneto como forma privilegiada para expressar suas emoções mais profundas. A estrutura rígida do soneto, com seus catorze versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, proporciona um contraponto à torrente emocional de seus poemas, criando uma tensão entre forma e conteúdo que enriquece a experiência do leitor.
Seus versos são muitas vezes carregados de uma musicalidade melancólica, a refletir suas vivências pessoais de sofrimento e paixão. A relevância dos sonetos para a literatura portuguesa reside na maneira como ela consegue transformar a sua dor pessoal em arte universal. Seus poemas ressoam com uma honestidade brutal ao convidar os leitores a mergulharem em suas próprias emoções e experiências. Além disso, a utilização de uma linguagem rica e imagética, combinada com um domínio excecional da métrica e da rima, confere aos seus sonetos um caráter atemporal.
A influência de Florbela Espanca estende-se além de sua época, inspirando gerações de poetas e leitores com sua capacidade de capturar a complexidade da condição humana. Seu legado é um testemunho do poder transformador da poesia, capaz de transcender o tempo e as circunstâncias pessoais para tocar o âmago da experiência humana. O lançamento de POEMAS, DE FLORBELA ESPANCA, pela COMPASSO DOSVENTOS EDITORA apresenta esta magnífica e importante obra em uma inédita edição que resgata toda a poesia e o lirismo de uma das maiores poetas portuguesas.
Seus versos são muitas vezes carregados de uma musicalidade melancólica, a refletir suas vivências pessoais de sofrimento e paixão. A relevância dos sonetos para a literatura portuguesa reside na maneira como ela consegue transformar a sua dor pessoal em arte universal. Seus poemas ressoam com uma honestidade brutal ao convidar os leitores a mergulharem em suas próprias emoções e experiências. Além disso, a utilização de uma linguagem rica e imagética, combinada com um domínio excecional da métrica e da rima, confere aos seus sonetos um caráter atemporal.
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