Doris Lessing
Biografia
PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2007
Doris Lessing nasceu em 1919 em Kermanshah, no atual Irão, filha de pais ingleses, e, aos cinco anos de idade, mudou-se com a família para a Rodésia do Sul, hoje Zimbabué. De 1949 até à data da sua morte, viveu em Londres. Foi uma das mais importantes escritoras do século XX, tendo sido galardoada com o Prémio Nobel de Literatura em 2007. Ao atribuir o prémio, a Academia Sueca descreveu a autora como uma «contadora épica da experiência feminina, que com ceticismo, ardor e uma força visionária submeteu uma civilização dividida ao escrutínio». Maria Teresa Horta diria: «Temia que se cumprisse o destino de outras notáveis mulheres como Virginia Wolf e Marguerite Yourcenar, que morreram sem receber o Nobel, mas felizmente assim não acontece e foi uma excelente escolha da Academia.»
Escreveu cerca de sete dezenas de livros ao longo de uma carreira que cobriu quase oitenta anos. Levando constantemente o romance a ultrapassar os limites das convenções, Lessing não teve medo de explorar temas considerados tabu em obras provocadoras e inventivas, sempre influentes, que vão desde romance, conto e ficção científica à autobiografia, teatro, poesia e ensaio. O seu primeiro romance, A Erva Canta, foi publicado em 1950, e a sua reputação internacional floresceu desde então. Entre os seus romances célebres contam-se The Golden Notebook, O Verão Antes das Trevas, Memoirs of a Survivor ou O Quinto Filho, publicado pela primeira vez em 1988. Publicou também dois volumes autobiográficos, Under my Skin e Walking in the Shade.
Five, coleção de romances curtos, valeu-lhe o prémio Somerset Maugham em 1954. A tradução francesa de The Golden Notebook (1962) venceu o Prémio Médicis em 1976. Lessing foi ainda nomeada por três vezes para o Booker Prize, pelas obras Briefing for a Descent into Hell (1971), As Experiências Sirianas (1981) e A Boa Terrorista (1985). Em 1991, recebeu o título de Distinguished Fellow in Literature da School of English and American Studies, atribuído pela Universidade de East Anglia, e, em 1995, o título de Doutora Honoris Causa, atribuído pela Universidade de Harvard. Em 2001, foi galardoada com o Prémio Princesa das Astúrias de Letras, o Prémio David Cohen de Literatura e recebeu o título de Companion of Honour da Royal Society for Literature britânica.
Morreu em 2013, aos 94 anos.
Doris Lessing nasceu em 1919 em Kermanshah, no atual Irão, filha de pais ingleses, e, aos cinco anos de idade, mudou-se com a família para a Rodésia do Sul, hoje Zimbabué. De 1949 até à data da sua morte, viveu em Londres. Foi uma das mais importantes escritoras do século XX, tendo sido galardoada com o Prémio Nobel de Literatura em 2007. Ao atribuir o prémio, a Academia Sueca descreveu a autora como uma «contadora épica da experiência feminina, que com ceticismo, ardor e uma força visionária submeteu uma civilização dividida ao escrutínio». Maria Teresa Horta diria: «Temia que se cumprisse o destino de outras notáveis mulheres como Virginia Wolf e Marguerite Yourcenar, que morreram sem receber o Nobel, mas felizmente assim não acontece e foi uma excelente escolha da Academia.»
Escreveu cerca de sete dezenas de livros ao longo de uma carreira que cobriu quase oitenta anos. Levando constantemente o romance a ultrapassar os limites das convenções, Lessing não teve medo de explorar temas considerados tabu em obras provocadoras e inventivas, sempre influentes, que vão desde romance, conto e ficção científica à autobiografia, teatro, poesia e ensaio. O seu primeiro romance, A Erva Canta, foi publicado em 1950, e a sua reputação internacional floresceu desde então. Entre os seus romances célebres contam-se The Golden Notebook, O Verão Antes das Trevas, Memoirs of a Survivor ou O Quinto Filho, publicado pela primeira vez em 1988. Publicou também dois volumes autobiográficos, Under my Skin e Walking in the Shade.
Five, coleção de romances curtos, valeu-lhe o prémio Somerset Maugham em 1954. A tradução francesa de The Golden Notebook (1962) venceu o Prémio Médicis em 1976. Lessing foi ainda nomeada por três vezes para o Booker Prize, pelas obras Briefing for a Descent into Hell (1971), As Experiências Sirianas (1981) e A Boa Terrorista (1985). Em 1991, recebeu o título de Distinguished Fellow in Literature da School of English and American Studies, atribuído pela Universidade de East Anglia, e, em 1995, o título de Doutora Honoris Causa, atribuído pela Universidade de Harvard. Em 2001, foi galardoada com o Prémio Princesa das Astúrias de Letras, o Prémio David Cohen de Literatura e recebeu o título de Companion of Honour da Royal Society for Literature britânica.
Morreu em 2013, aos 94 anos.
Prémios
2007 - Prémio Nobel da Literatura
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O Quinto Filho
«Ao ouvirem os risos, as vozes, as conversas, os sons das crianças a brincar, Harriet e David, no seu quarto, ou talvez descendo as escadas, procuravam a mão um do outro, sorriam e respiravam felicidade…»
Quatro crianças, uma distinta casa vitoriana, o amor da família e a admiração dos amigos. Na desinibida sociedade inglesa do fim dos anos 60, a vida de Harriet e de David Lovatt, um casal de classe média alta, é uma ode gloriosa à felicidade doméstica e aos valores familiares ditos tradicionais. Mas quando nasce Ben, o seu quinto filho, parece nascer também uma sombra perversa e implacável, que se abate sobre este núcleo imaculado.
No início da gravidez, o bebé move-se no ventre de Harriet antes do tempo e de forma impetuosa. Sentindo o filho dentro de si como se estivesse ele próprio «fervilhando de excitação», Harriet experiencia um parto extremamente violento, acompanhado por dores mais intensas do que de qualquer das vezes anteriores. Vigoroso, excecionalmente desenvolvido, agressivo, esfomeado, bestial, Ben exibe um triunfo frio, os olhos brilhantes de prazer intenso. Que ser é este?
Ao prover o cuidado materno ao recém-nascido, e frente a uma treva e a um desafio estranho que nunca havia conhecido, Harriet sente um medo profundo da criança a que acabou de dar a vida e que ao crescer vai destruindo pouco a pouco a família que o gerou.
Com um estilo incisivo de escrita, que suscita a leitura compulsiva e inquebrantável de cada frase até à última palavra, O Quinto Filho é uma das obras de Doris Lessing, vencedora do Prémio Nobel de Literatura (2007), que podemos considerar como um clássico, um romance no qual a língua do amor maternal - o mais puro, o mais absoluto - é descrita de peito aberto e à luz da condição de que a maternidade é, de facto, um conjunto de escolhas impossíveis, por vezes irreconciliáveis com todas as escolhas que a precedem e sucedem.
Quatro crianças, uma distinta casa vitoriana, o amor da família e a admiração dos amigos. Na desinibida sociedade inglesa do fim dos anos 60, a vida de Harriet e de David Lovatt, um casal de classe média alta, é uma ode gloriosa à felicidade doméstica e aos valores familiares ditos tradicionais. Mas quando nasce Ben, o seu quinto filho, parece nascer também uma sombra perversa e implacável, que se abate sobre este núcleo imaculado.
No início da gravidez, o bebé move-se no ventre de Harriet antes do tempo e de forma impetuosa. Sentindo o filho dentro de si como se estivesse ele próprio «fervilhando de excitação», Harriet experiencia um parto extremamente violento, acompanhado por dores mais intensas do que de qualquer das vezes anteriores. Vigoroso, excecionalmente desenvolvido, agressivo, esfomeado, bestial, Ben exibe um triunfo frio, os olhos brilhantes de prazer intenso. Que ser é este?
Ao prover o cuidado materno ao recém-nascido, e frente a uma treva e a um desafio estranho que nunca havia conhecido, Harriet sente um medo profundo da criança a que acabou de dar a vida e que ao crescer vai destruindo pouco a pouco a família que o gerou.
Com um estilo incisivo de escrita, que suscita a leitura compulsiva e inquebrantável de cada frase até à última palavra, O Quinto Filho é uma das obras de Doris Lessing, vencedora do Prémio Nobel de Literatura (2007), que podemos considerar como um clássico, um romance no qual a língua do amor maternal - o mais puro, o mais absoluto - é descrita de peito aberto e à luz da condição de que a maternidade é, de facto, um conjunto de escolhas impossíveis, por vezes irreconciliáveis com todas as escolhas que a precedem e sucedem.