Zalatune
de Nuno Gomes Garcia
Grátis
Sobre o livro
Em Ínsula, uma ilha perdida algures no Mediterrâneo, os estrangeiros são inimigos, a procriação é uma missão patriótica (e, por isso, todas as mulheres são obrigadas a ter pelo menos dois filhos), a pena capital foi reinstaurada e a Internet foi substituída por uma Intranet insular.
Naquele que parece ser um regime político verdadeiramente democrático, a vida do primeiro-ministro é acompanhada por câmaras 24 horas por dia, para garantir a total transparência do poder, e são os cidadãos que decidem o futuro do país, sentados no conforto do sofá, através de referendos online. em 2034, está na mão dos eleitores dar luz verde à decisão de construir um muro e expulsar de vez todos os imigrantes.
Só que o passado insiste em perseguir-nos e o desígnio traçado trinta anos antes por uma criança está prestes a cumprir-se: as pessoas estão a desaparecer e, para trás, deixam um único rasto, um pedaço de papel onde se lê Parti para Zalatune.
O que está a acontecer?
Para onde vão as pessoas que desaparecem?
Estará a existência de Ínsula condenada?
Numa trama viciante, Nuno Gomes Garcia apresenta-nos uma história que combina mistério, conspiração política, ódio visceral e ainda um amor proibido entre duas pessoas que deveriam detestar-se.
Richard Zimler
«Zalatune é muito mais do que uma distopia inteligente; a par com isso, vislumbramos uma sátira hiperbólica dos tempos actuais. Ínsula representa o protótipo do mundo pequenino em que vivemos, as ilhas que se querem isolar dos continentes, o medo da contaminação pelo outro, a propagação do vírus do medo e do ódio ao que é diferente, os populismos exacerbados a ganharem terreno e o definhar da democracia, neutralizada pela falácia da democracia referendária. Um livro poderoso que nos alerta e convida a reflectir sobre tantos e tão diversos temas da actualidade mas, sobretudo, sobre o futuro que queremos para as gerações vindouras.»
Gabriela Ruivo Trindade, vencedora do Prémio Leya com o romance Uma Outra Voz
«Quando um romance antecipa as possibilidades mais negras do futuro, pretende agir, através da ficção, nas consciências dos leitores. Zalatune, leva-nos a pensar na sociedade que não queremos construir e nas ameaças às democracias através de uma narrativa poderosa com várias histórias encaixadas e que usa o poder metafórico da distopia para tocar em temas como a xenofobia, a igualdade de género ou os populismos. Neste tempo de distopias e com vários perigos à espreita, este é um livro necessário.»
Ana Cristina Silva, vencedora do Prémio Fernado Namora com o romance A Noite Não é Eterna
«Apresentado por uma nova voz distópica na literatura portuguesa, eis um romance intenso, original e perturbador, que nos leva a reflectir de forma profunda sobre a sociedade em que vivemos, os seus vícios e perigos, sem deixar nunca de nos prender da primeira à última página.»
Cristina Drios, autora de Os Olhos de Tirésias e Adoração
Ínsula é uma ilha no Mediterrâneo onde, após uma pandemia, fecharam o país ao exterior e foram implementadas medidas para o “bem-estar” dos cidadãos. Apesar do novo regime político ser “totalmente transparente”, notamos que existem medidas muito duras e restritivas, e pretendem também expulsar todos os imigrantes. Devo dizer que senti que caí de pára-quedas na história, sem perceber muito bem o que tinha acontecido, mas à medida que ia avançando, ia compreendo melhor o pano de fundo e a dinâmica social e política. É uma história extramente interessante e onde vamos percebendo que vivem num regime que não é assim tão transparente e como as coisas estão a ser “manipuladas”. E, apesar de distopias, podemos fazer ligações com a nossa actualidade e tentarmos aprender com os erros. No entanto, houve algo que me retirou prazer desta leitura. A escrita acaba por ser um pouco “trabalhada” demais, o que tornou a leitura menos acessível. Mas esta escrita “trabalhada” vai sendo intercalada com algumas expressões mais “corriqueiras”/calão. Senti também que ficou algo por explicar relativamente a Zalatune mas gostei mesmo bastante com as questões políticas e sociais que o autor abordou. Mas, no geral, fiz uma grande leitura e achei o mundo criado muito realista e que se enquadra muito bem na nossa actualidade.
Antes fosse! Uma história sem imaginação e com uma linguagem ordinária sem que haja razão para tal e sem que o leitor percebe o porquê da sua utilização. Um livro que não vale o dinheiro nem o tempo que se gasta com ele.