Viver Depressa
de Brigitte Giraud
Sobre o livro
«Estava obcecada com aquela dupla missão impossível. Comprar a casa e encontrar as armas escondidas. Era inesperado e eu não pressenti a engrenagem que iria fazer a nossa vida dar um tombo. Porque a casa está no cerne do que provocou o acidente.»
Num relato tenso que é apresentado como uma verdadeira contagem decrescente, Brigitte Giraud tenta compreender o que conduziu ao acidente de mota que custou a vida ao marido no dia 22 de junho de 1999.
Vinte anos depois, faz por assim dizer o ponto da situação e ataca uma última vez as perguntas que ficaram sem resposta. Acaso, destino, coincidências? Regressa àqueles dias que se precipitaram numa série de perturbações imprevisíveis até desembocarem no inelutável. de tal modo empolgado com a perspetiva da mudança de casa, de tal modo desejoso de dar início aos trabalhos de remodelação, o casal tinha-se esquecido de que viver é perigoso. Brigitte Giraud conduz a investigação e põe em cena a vida de Claude e a vida deles, ambas miraculosamente ressuscitadas.
Comentários
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Se não tivesse lido este livro ficava mais pobre
A autora consegue o milagre de relatar um facto verídico, a morte do seu marido, sem que nos sintamos chantageados a sentir pena dele. De forma elegante e clara, enuncia e desenvolve, as diversas condições que, a terem ocorrido, teriam evitado a sua morte. Se isto, se aquilo... A dor, o amor, a saudade, perpassam estas 204 páginas que se lêem num instante. (Incompreensível ter passado por 14 rondas para vencer o Mago do Kremlin...)
Bem escrito, tocante, cativante… a dada altura parece um livro que se alimenta da nossa curiosidade mórbida… mas ao mesmo tempo, desde sempre, há exemplos clássicos disso, as grandes tragédias dão material para grandes livros! Totalmente autobiográfico, sem o esconder, sem nunca o tentar mascarar, alterna momentos de divagação com outros de sentimento pungente. Todo o livro é um questionar constante, um acto de pergunta, uma procura de respostas, que sabemos desde a primeira linha que ninguém poderá dar, é um “e se?”, como todos o são, que nunca vai acontecer…