Para Isabel
de Antonio Tabucchi; Tradução: Sónia Martelli de Lima
Grátis
Sobre o livro
Como definir uma história como esta? À primeira vista poderia parecer
um romance fantástico, mas talvez fuja a todas as definições possíveis.
Antonio Tabucchi deu-lhe um subtítulo: «um mandala», mas na realidade,
segundo critérios ocidentais, trata-se afinal de uma investigação, uma
busca que parece conduzida por um Philip Marlowe metafísico. Mas à
metafísica, nesta investigação espasmódica e peregrina, vêm juntar-se
conceitos muito terrenos da vida: sabores, lugares, cidades, imagens que
estão ligadas ao nosso imaginário, aos nossos sonhos, mas também à
nossa experiência quotidiana. E então, em que ficamos?
Na sua «Justificação em forma de nota» Tabucchi sugere que pensemos
num monge vestido de vermelho, em Hölderlin e numa canção
napolitana. Podem talvez parecer elementos incongruentes. Mas talvez
seja preferível não procurar verosimilhança num dos mais extravagantes,
visionários e ao mesmo tempo envolventes romances que a literatura
italiana alguma vez nos deu.
O leitor português reconhece neste livro uma geografia familiar (Lisboa,
Barcelos, Cascais e a Arrábida), mas a acção desloca-se também para o
extremo Oriente (Macau), para a Suíça e para a Itália. E esses mesmos
lugares surgem-nos então, através do olhar de Antonio Tabucchi,
surpreendentemente transfigurados.