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Sobre o livro
Há espaços que são sempre nossos. E quem os habita, habita também em nós. Falamos da nossa rua, desse lugar que nos acompanha pela vida. A rua como espaço de descoberta, alegria, tristeza e amizade. Os da Minha Rua tem nas suas páginas tudo isso.
Como num filme, sempre me acontecia isso: eu olhava as coisas e imaginava uma música triste; depois quase conseguia ver os espaços vazios encherem-se de pessoas que fizeram parte da minha infância. De repente um jogo de futebol podia iniciar ali, a bola e tudo em câmara lenta, um dia eu vou a um médico porque eu devo ter esse problema de sempre imaginar as coisas em câmara lenta e ter vergonha de me dar uma vontade de lágrimas ali ao pé dos meus amigos.
A escola enchia-se de crianças e até de professores, pessoas que tinham sido da minha segunda classe, da terceira...
Quando alguém me tocava no ombro, as imagens todas desapareciam, o mundo ganhava cores reais, sons fortes e a poeira também.
ondjaki
O teu livro dá conta de como crescem em segredo as crianças. É o milagre das flores do embondeiro: habitam o mundo em concha por breves momentos e vêem através da luz o milagre das pequenas coisas.
Ana Paula Tavares
Comentários
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Transborda ternura
Em suma, "Os Da Minha Rua" é palco para a inocência. Para o riso. Para as paixões e os primeiros amores. E para a família. A parte final transborda ternura. E, superando todas as minhas expectativas, contém também um glossário com expressões que podemos não [re]conhecer. É esta atenção ao detalhe que marca toda a nossa experiência literária, enriquecendo-a. E tornando-nos uma ramificação da sua essência.
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O que a literatura angolana possui de melhor
Os da minha rua, de Ondjaki, fala do crescimento de um grupo de crianças de Angola. Podemos acompanhar seus medos, pequenas conquistas, angústias, enquanto transitam para a vida adulta. Como cenário, uma Angola dos anos 80/90, dividida entre os que ainda acreditavam no regime revolucionário e os que já tinham percebido que os revolucionários eram os novos ditadores. Leitura imperdível.
Ondjaki tem o talento inigualável para transportar o leitor através do tempo e espaço, e fazê-lo “reviver” memórias que não são suas. Divertida, honesta e carinhosa, esta é uma obra sobre a infância, sobre brincar na rua, livre e sem preocupações, mas também sobre crescer e, ainda que de forma relutante, abandonar a inocência própria das crianças. Um livro para ler e reler!
Neste livro encontramos pequenos contos, que têm um contorno, simples, intimista, quase "infantil". Alguns deles transmitem tanta inocência e ternura, que merecem ser relidos.