O Capitão Saiu para Almoçar e os Marinheiros Tomaram o Navio
de Charles Bukowski
Grátis
Sobre o livro
Nesta fascinante compilação de textos diarísticos - recolhida dos seus cadernos e publicada postumamente - Bukowski descreve-nos com profunda candura e sentido de humor os acontecimentos e reflexões que vão pontuando aqueles que serão os seus três últimos anos de vida. Tudo isto com o inconfundível estilo de Bukowski - o artista maior do que a própria Humanidade que retrata.
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HANK É MAIS MODERADO QUE CHINASKI
Neste livro, Bukowski apresenta-nos uma obra e personagens completamente diferentes. O livro está estruturado como se fosse um diário. Hank (personagem principal) escritor e apostador regular de corridas de cavalos, fala-nos, ao longo dos vários dias e durante dois anos, do seu dia-a-dia, como apostador, como escritor, da sua transição para a era dos computadores (com a escrita das suas obras a computador) e de Linda (em menor número). Hank acaba por ser uma das personificações de Bukowski. Ao contrário de Chinaski, é mais focado, e traça com clareza os objectivos que quer alcançar e onde quer ir e questionando o porque das coisas (gostei desta personagem, por este aspecto particular). Para ele, o que quer faz por tornar certo e que não quer, faz por não querer saber. Como o próprio escritor indica: "Recebo muitas cartas de pessoas que me dizem que a minha escrita lhes salvou a vida, Mas nunca escrevi para isso, escrevi para me salvar a mim próprio" Para ele escrita é a vida, é o seu néctar é o que o mantém vivo por fora e por dentro. Ele não pretende propriamente a fama, pretende que conheçam o que escreve, que conheçam as suas obras. Escreve por gosto, não necessariamente por dinheiro e muito menos pela fama. "(...) Capaz de escrever. É um medo que tenho. E não tem nada a ver com a fama. Nem com o dinheiro. Tem a ver comigo. Estou muito mal habituado. Preciso de escape, da diversão, da libertação da escrita. Da segurança da escrita. Do trabalho que dá. O passado não significa nada. A reputação não significa nada. A única coisa que importa é a frase seguinte. E, se a frase seguinte não surge, estou morto, mesmo que, tecnicamente, esteja vivo". Para ele os leitores são aqueles que o vão acompanhado através a compra dos seus livros, do contributo para o seu conhecimento e do próprio leitor. Hank não é o típico escritor que gosto de se incomodado é inclusive uma personagem reservada , mas observadora e analista. Não gosta de confusões e sempre que as há, distancia-se. " Um dia dirão "O Bukowski morreu" e, nessa altura, serei verdadeiramente descoberto e posto debaixo dos holofotes. E depois? A imortalidade é uma intervenção estúpida dos vivos" "Um escritor não deve nada a ninguém, só a sua escrita. Não deve mais nada ao leitor senão a disponibilização da página impressa" Interroga-se pela vida, pela sociedade que apenas procura a normalidade pela não procura pelo diferente, pela inovação, nele ou na sociedade ou nos dois: "Acho que multidão, aquela multidão, a Humanidade, que sempre e foi difícil , essa multidão, está sempre a vencer-me. Penso que o grande problema, é que, para eles, é tudo uma questão de repetição. Não há qualquer espécie de novidade" Embora seja a primeira obra escrita que leio , no papel de Hank, gostei da loucura que a personagem emana, gostei da ousadia, das suas questões perante a vida e perante o que o rodeia. No entanto, achei que a obra ficou um pouco aquém daquilo que estava à espera e habituado, com Chinaski. Talvez por ser um livro mais pequeno, mas senti a obra flácida, com pouco conteúdo e desenvolvimento. Confesso que não fiquei fá desta escrita em modo de diário. Senti que perdeu aquele fervor que o autor nos habitua com as constantes gargalhadas que nos presencia em outras obras, também graças à personagem principal em si. No geral, achei uma leitura normal, que se lê rápido embora não tão desenvolvida como mulheres ou factotum. Em resumo: Hank, O escritor de questões Hank e Linda unidos pelo amor Amor da sua escrita, a inquisição de questionador De todas as obras que glorificam a sua escrita Não procura de todo fama, nem apenas a respectiva guita. A tranquilidade inicia-se quando começa a escrever Pois para ele é sinónimo de vivo, que não está a morrer Calma e tranquilidade emanam-se com esta inspiração Luzes, câmara sai nova obra de ficção Alguém grite acção, que dispare quando o leitor ler a sua obra Se virar filme ou não, cá não estarei para presenciar essa manobra.
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Bukowski e os seus últimos dias
Nestas páginas Bukowski parece escrever para si mesmo, como se soubesse da aproximação da morte e necessitasse de escrever para continuar ele próprio. Relata-nos o seu quotidiano, as suas idas ao hipódromo intercaladas com as suas noites de escritas. Não deixa de fazer uma crítica à sociedade e ao consumismo através da crise que descreve nos que apostam nas corridas de cavalos. Através duma proposta de uma serie sobre si, reflete sobre o seu trabalho e as suas motivações. Oh como soube a pouco…quero ler mais Bukowski! Muito mais! Adorei o mau humor, adorei tudo!
Com pequenos textos que nos levam a conhecer a escrita unica de Bukowski. Incrivel, com sempre.