Nome de Guerra
de José de Almada Negreiros
Grátis
Sobre o livro
Nome de Guerra, escrito em 1925, é o romance de iniciação de um jovem provinciano proveniente de uma família abastada.
Quando o tio de Luís Antunes o envia para Lisboa, ao cuidado do seu amigo D. Jorge (descrito como "bruto como as casas e ordinário como um homem"), com o propósito de o educar nas "provas masculinas", não imaginava o desenlace de tal aventura. Apesar de, na primeira noite, D. Jorge ter ficado convencido da inutilidade dos seus préstimos, Antunes concluiu que o "corpo nu de mulher foi o mais belo espectáculo que os seus olhos viram em dias de sua vida", decidindo-se a perseguir Judite.
Esta "via perfeitamente que o Antunes não estava destinado para ela", mas "não lhe faltava dinheiro e dinheiro é o principal para esperar, para disfarçar, para mentir a miséria e a desgraça". Assim se inicia a história de Luís Antunes e Judite, que terminará com a prodigiosa e desconcertante frase, "não te metas na vida alheia se não queres lá ficar".
Esta edição do único romance de Almada Negreiros apresenta diferenças face às anteriores publicadas na Assírio & Alvim, uma vez que foi entretanto localizado o original (dactiloscrito/manuscrito) de Nome de Guerra no espólio da família, o que constituiu importante fonte para nova revisão.
Não fosse por outra razão, bastaria a José de Almada Negreiros ter escrito "Nome de Guerra" para ficar na história da literatura portuguesa. Os sessenta e quatro capítulos desta narrativa, tantas vezes com títulos que são eles mesmos aforismos para a eternidade, dão-nos na figura de Antunes o retrato vivo de alguém que entra na idade adulta pela porta grande de uma íntima sinceridade. Neste livro os planos são claros como raramente se nos apresentam. A sociedade é o palco do fingimento, das intrigas, é a mesa de jogo onde o vício impõe o bluff como verdade. Mas dentro do indivíduo, dentro do homem que se afasta e isola, a verdade surge na forma de drama, é uma tragédia íntima, pessoal, singular que já nada tem de logro ou fingimento. É uma verdade superior às circunstâncias, uma verdade que chega à consciência com a raiva de quem descobre nas suas fraquezas uma força inédita.