Naufrágios
de Francisco Coloane
Sobre o livro
«Para mim, Coloane foi uma revelação. Era a primeira vez que me confrontava com histórias onde o vento soprava de verdade e porque me ensinava que o Chile era muito mais que o aborrecido Santiago, que existia um sul profundo onde o épico era o pão nosso de cada dia. Soube conferir aos seus personagens, todos eles marginais, perdedores que sabiam por que perdiam, uma identidade inédita na literatura escrita em espanhol. Coloane não escrevia do ponto de vista da compaixão, fazia-o a partir de uma barricada, do lado dos injuriados, e isso foi para mim um convite a imitá-lo. (...) Devo-lhe a determinação final para dedicar-me à escrita.»
Luís Sepúlveda
«"Naufrágios" é sobretudo um hino ao mar e aos homens, anónimos ou célebres, que o ousam desafiar. Sem tréguas, Coloane faz ecoar passado e presente, para recordar a terrível ditadura, ou para acentuar a sua ligação aos índios, os primeiros habitantes massacrados numa terra violada. [...] Quando por vezes, no enredo de uma frase, surgem cidades perdidas, feiticeiras, ou piratas sanguinários, a narrativa adquire tons de fantástico.»
Le Monde
«Um conto de Coloane é um artefacto, um feito verbal, comparável a um tímpano. É um tímpano da imaginação. [...] Se tivesse de escolher o escritor mais próximo do mundo literário de Coloane, sentir-me-ia inclinado a mencionar, pela sua complexidade, pela sua capacidade intelectual, Jorge Luis Borges. Contudo Borges aproxima-se dos temas que Coloane tocou, a aventura, o exótico e o estranho, o animal e o humano, e foge deles. Penso que podemos defender com mais certeza que Coloane é um Horacio Quiroga, esse pai do conto sul-americano, um Quiroga patagónico, de promontórios congelados, mares enfurecidos, chuvas apocalípticas, animais que vêem da pre-história.»
Jorge Edwards (Prémio Cervantes) in El Mercurio