Luto
de Eduardo Halfon; Tradução: José Teixeira de Aguilar
Grátis
Sobre o livro
Prémio do Melhor Livro Estrangeiro (França)
Prémio Edward Lewis Wallant (EUA)
Prémio Internacional do Livro Latino (EUA)
Prémio das Livrarias de Navarra (Espanha)
Halfon viaja até à velha casa dos avós, nas margens do lago de Amatitlán, onde em criança costumava passar os fins de semana antes de a família se transferir para a Florida, devido à violenta situação política vivida na Guatemala em princípios da década de 1980. A partir do momento em que pisa o Amatitlán, tudo aquilo que o cerca desencadeia um turbilhão de memórias de infância — algumas ligadas à sua infância na Guatemala, outras dos primeiros anos passados nos Estados Unidos.
Em subtis mas magistrais pinceladas, as recordações de Halfon vão-se conjugando aos poucos para desvendar segredos familiares profundos: a história de Salomón ou, talvez mais rigorosamente, a ausência dessa história, uma vez que ninguém na família falava abertamente dele. E aos poucos começamos a ver as informações dispersas que Halfon conseguiu reunir em criança.
Com Luto, traduzido por José Teixeira de Aguilar, Eduardo Halfon regressa ao universo que tem vindo a construir há anos em torno da personagem chamada Eduardo Halfon — que pode ou não ser o autor — e da história da sua família. Desta feita, centra-se no lado paterno da família: emigrantes judeus libaneses que se radicaram nos Estados Unidos e na Guatemala.
Lídia Jorge
Comentários
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Não conhecia o autor, mas recomendo vivamente.
O segredo de uma família com uma trágica herança judaica polaco-libanesa, que nunca fez o luto em relação a uma criança que morre sozinha num hospital em Miami, e que, em vão, tenta proteger do mesmo um menino percetivo, que cresce envolto no nevoeiro da dúvida em relação a quem era essa criança, um Salómon, como havia vários na família e ao que realmente lhe sucedeu, até que o pai lho revela num momento de exorbitância do seu distanciamento adolescente em relação ao irmão mais novo, menino esse que se torna um adulto cosmopolita, mas envolto no nevoeiro que emerge do lago da sua infância guatemalteca, lago ao qual associa uma tragédia relacionada com o tal Salomon e a que regressa, para perceber que afinal esse lago que era azul, se tornou verde e está a morrer e que encerra não a tragédia do Salomon, mas a da própria Guatemala
"Luto" revela-nos a cruel história da morte de uma criança, reduzida ao silêncio da família que se recusa a falar sobre o acontecimento. Escrito na primeira pessoa, através de relatos, memórias que acompanham o narrador ao longo da sua vida, este é um livro sobre a morte, a culpa e os laços que unem uma família.
Um livro de memórias com um desfecho imprevisível. Um homem regressa à terra da família e busca esclarecimento sobre a morte de um menino, irmão de seu pai que morreu afogado num lago onde tantos outros meninos morreram. Esse episódio tão escondido faz com que a família não faça o luto dessa trágica perda. Então Halfón ao desvendar a morte da criança carrega nos seus ombros o peso da Dor de toda a família e será esse peso espiritual que o fará ir lago adentro ao reencontro de todas aquelas crianças.
Livro empolgante com uma narrativa cuidada e sedutora que congrega uma emocionante história evocativa.