Considerado um dos grandes nomes da literatura de língua francesa, Ahmadou Kourouma nasceu perto de Boundiali, na Costa do Marfim, e foi criado por um tio guineense. Educado no Mali, serviu no exército francês na Indochina entre 1950 e 1954, apercebendo-se nesta altura que muitos franceses se opunham ao colonialismo. Partiu depois para Paris e Lyon, onde estudou Matemática, casou com uma francesa e aderiu ao Partido Comunista.
Quando a Costa do Marfim se tornou independente em 1960, Kourouma regressou ao seu país para descobrir que o governo de Houphouet Boigny considerava-o um inimigo, mandando-o prender. Mudou-se para a Argélia, voltando em 1969, Houphouet Boigny nomeou-o para cargos administrativos nos Camarões e no Togo, bem longe da Costa do Marfim. Kourouma tentou escrever uma peça, mas foi proibida e nunca publicada.
O seu primeiro romance Le soleil des indépendances (1968) passava-se em dois países africanos, facilmente identificáveis como Costa do Marfim e Guiné. Tinham-se tornado independentes, reduzindo um príncipe Malinké à condição de pedinte sob o regime de partido único Houphouet Boigny e Sekou Touré, "grandes senhores da independência".
Em 1990, publicou o seu segundo livro, Monné, outrages et défis, que descrevia as conquistas francesas em África e procurava demonstrar como as doenças advinham desse período. Apesar de não ter sido um grande sucesso, ganhou o Nouveaux Droits de l'Homme, bem como mais 17 prémios literários.
Em 1998, En attendant le vote des bêtes sauvages teve grandes vendas em África, algo pouco usual nesse Continente. Em 2000, Alá Não É Obrigado foi galardoado com o Prémio Renadout e o Prémio Gouncourt des lycéens.
Quando problemas internos levaram a uma guerra civil na Costa do Marfim, regressou a Lyon. Autor de nove livros infantis, Kourouma prometeu às suas filhas que escreveria mais sobre as crianças do seu país. Faleceu em França em Dezembro de 2003.
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