Inverno
de Jon Fosse
Sobre o livro
Uma mulher, um homem, um banco na rua, um quarto de hotel: duas pessoas que se encontram, ela é a estrangeira, está sozinha, ele só aqui é estrangeiro, tem uma mulher e duas crianças numa outra cidade. Ela deseja-o, mas ele não é capaz de se separar da família, depois ele deseja-a a ela, e ela por sua vez reage com reservas. Trata-se de um encontro com os momentos que escaparam, a par com uma linguagem desamparada que a maior parte das vezes já só se perde em pequenas palavras.
Resta um silêncio entre as pessoas, silêncio que deixa adivinhar a necessidade de amor que os anima a ambos? uma necessidade não satisfeita. É uma grande peça sobre o amor que Fosse obsessivamente exorciza com a sua linguagem restrita e altamente musical, expondo desta forma, mais uma vez, a relação arquetípica entre duas pessoas. No final há apenas um abraço sem futuro entre duas pessoas que se poderiam ter amado.
"INVERNO", escrita em 2000, é a peça mais minimalista de Jon Fosse, autor norueguês de quem os Artistas Unidos já estrearam várias peças.
Louis Muinzer
"O seu ritmo é repetitivo e obsessivo: os mesmos pensamentos as mesmas sensações repetem-se obsessivamente, revelando esquemas escondidos de acção. O único livro escrito até agora sobre a escrita de Jon Fosse: "Replacing Happiness with a Comma (1996) de Espen Stueland, fala disso e de como as pausas no que é dito e escrito criam um sentido além daquilo que é concretamente dito."
Michel Cournot
"Das suas peças emana uma luz muito particular que lembra a dos pintores escandinavos, Munch, por exemplo. Uma luz branca como acontece nos eclipses, mas uma luz que desenha com nitidez os contornos dos objectos e das personagens. Contradição? Não. Porque a ausência de luz corresponde a uma outra ausência: o número das personagens é sempre pequeno: são dois, três, quando muito quatro. Aumenta a concentração, agudiza-se a percepção porque um terceiro fenómeno aparece: e é a dimensão do tempo. O tempo parece ter parado no universo de Fosse. A linguagem simples e repetitiva revela a solidão profunda dos homens. A ausência de luz, o isolamento no espaço e o tempo quieto transformam as peças de Jon Fosse em instantes de grande recolhimento e essa é a finalidade confessa do autor "criar momentos em que um anjo passa"." Terje Sinding