Feminismo para os 99%

Um manifesto

de Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya e Nancy Fraser 

Bertrand.pt - Feminismo para os 99%
Opinião dos livreiros
(1)
Editor: Objectiva
Edição: junho de 2019
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Habitação a preços incomportáveis, salários no limiar da sobrevivência, saúde privatizada, educação pública negligenciada, horários laborais exigentes, alterações climáticas com consequências catastróficas. A crise que vivemos hoje é transversal a toda a sociedade e os seus efeitos - políticos, sociais e ambientais - têm um impacto brutal e imediato na vida de 99% da população, com particular gravidade para as mulheres.

No entanto, a actual agenda feminista, em vez de difundir medidas verdadeiramente emancipadoras para todas as mulheres, tem preferido concentrar-se na obtenção de maior representatividade das mulheres nos quadros das grandes empresas, reclamando ainda mais poder e vantagem para uma minoria elitista e acomodada. Para resolver uma crise global, não podemos deter-nos nos problemas de apenas 1% da população.

É, por isso, urgente um novo feminismo. Este manifesto tem por objectivo resgatar o verdadeiro propósito das lutas feministas e orientá-las para uma reorganização total da sociedade que beneficie, de facto, a maioria da população.

Porque as mulheres estão na linha da frente dos efeitos devastadores das alterações climáticas, da austeridade, da gentrificação, da exploração laboral, da exaustão de recursos, da financeirização e da privatização das infraestruturas sociais, este é um manifesto em defesa das vidas dos 99%: um manifesto feminista.

Por uma sociedade que coloque as pessoas no topo da sua lista de prioridades, Feminismo para os 99% - um manifesto é uma leitura obrigatória na luta por um mundo melhor e mais justo.

Excertos
«Toda a gente (e não apenas mulheres) deveria comprar este livro.» Nomeado um dos «Livros mais aguardados de 2019» pela revista Vogue

UM MANIFESTO

Encruzilhada

Na Primavera de 2018, Sheryl Sandberg, directora de Operações do Facebook, anunciou ao mundo que «tudo seria muito melhor se metade dos países e empresas fossem dirigidos por mulheres e metade dos lares por homens» e que «não deveríamos descansar até atingirmos esse objectivo». Expoente máximo do feminismo empresarial, Sandberg já tinha ganhado fama (e fortuna) ao instigar mulheres em cargos de chefia a lean in[1] nas reuniões de administração. A ex-chefe de gabinete do secretário do Tesouro Larry Summers – o homem que desregulou Wall Street – não tinha quaisquer dúvidas em dizer às mulheres que o sucesso alcançado através de uma postura dura e firme no mundo dos negócios era a única via para a igualdade de género.

Nessa mesma Primavera, uma greve de militantes feministas parou Espanha. Os organizadores da «huelga feminista» de vinte e quatro horas, a que se juntaram mais de cinco milhões de manifestantes, exigiam «uma sociedade livre da opressão sexista, de exploração e violência […] uma revolta e luta contra a aliança do patriarcado e do capitalismo, que nos quer obedientes, submissas e caladas». Quando o Sol se pôs em Madrid e Barcelona, as feministas em greve anunciaram ao mundo que, «no dia 8 de Março, cruzaremos os braços, interrompendo toda a actividade produtiva e reprodutiva», declarando que «não aceitariam piores condições de trabalho nem salários inferiores aos dos homens pelo mesmo trabalho».

Estas duas vozes representam caminhos opostos para o movimento feminista. Por um lado, Sandberg e a classe a que pertence enca­ram o feminismo como um servo do capitalismo. Pretendem um mundo onde a função de gestão da exploração no local de trabalho e da opressão social seja partilhado por homens e mulheres da classe dominante. Esta é uma visão extraordinária do domínio da igualdade de oportunidades: pedir a pessoas comuns que, em nome do feminismo, fiquem gratas pelo facto de ser uma mulher, e não um homem, a sabotar o seu sindicato, a dar ordem a um drone para lhes matar os pais, ou a decidir o aprisionamento dos filhos numa jaula na fronteira. Em claro contraste com o feminismo liberal de Sandberg, as organizadoras da «huelga feminista» insistem em acabar com o capitalismo: o sistema que gera o patrão e que fabrica fronteiras nacionais e os drones que as vigiam.

Confrontados com estas duas perspectivas do feminismo, encontramo-nos numa encruzilhada e a escolha que fizermos acarreta consequências extraordinárias para a humanidade. Um caminho conduz a um planeta esgotado onde a vida humana, se ainda for viável, está de tal forma empobrecida que se tornou irreconhecível. O outro aponta para um mundo presente desde sempre nos sonhos mais nobres da humanidade: um mundo justo, cuja riqueza e recursos naturais são partilhados por todos e onde igualdade e liberdade são premissas, não aspirações.

O contraste não podia ser mais acentuado. No entanto, o que torna hoje a escolha tão premente para nós, é a ausência de um meio-termo viável. Devemos esta carência de alternativas ao neoliberalismo, essa forma excepcionalmente predatória e financeirizada de capitalismo que imperou nos últimos quarenta anos. Depois de ter envenenado a atmosfera, de ter ridicularizado toda e qualquer pretensão de governo democrático, levado ao limite as nossas capacidades sociais e piorado, na generalidade, as condições de vida para a larga maioria, esta iteração do capitalismo subiu a parada para todas as lutas sociais, transformando sérios esforços em alcançar algumas reformas numa batalha campal pela sobrevivência. Na presença de tais condições, a neutralidade deixou de ser uma hipótese e as feministas têm de assumir uma posição. Deveremos continuar a perseguir «o domínio da igualdade de oportunidades» enquanto o planeta arde? Ou deveremos repensar a justiça de género num formato anticapitalista, que nos ajude a atravessar a crise actual em direcção a uma nova sociedade?

Este Manifesto é um guia para esta segunda via, uma jornada que encaramos tão necessária quando exequível. Um feminismo anticapitalista é hoje concebível em parte devido ao colapso da credibilidade das elites políticas em todo o mundo. As baixas incluem não apenas os partidos de centro-esquerda e de centro-direita que promoveram o neoliberalismo – e que são, hoje, tristes sombras de si mesmos – mas também os seus aliados do feminismo empresarial ao estilo de Sandberg, cujo verniz «progressista» perdeu o brilho. O f ...

  • Essencial
    Mónica Lima - Livreira Bertrand Cascais | 07-03-2020

    Um “must read”, independentemente da convicção politica. Um livro feminista para toda a gente (mesmo aqueles que não se identificam com o termo), em que as autoras expõem a crescente importância de um novo feminismo, em que o foco é retirado da necessidade de pôr mais mulheres no poder e regressa à luta pela verdadeira igualdade. Pela igualdade de direitos e oportunidades, sim, mas também pelo igual direito à liberdade e à decência básica. Uma junção do feminismo com a doutrina comunista que deve dizer algo a todos, num livro interseccional que luta pela igualdade de direitos entre ambos os sexos e entre as diferentes classes. Aconselhável a toda a gente que queira saber um bocado mais sobre o mundo em que vivemos.

Feminismo para os 99%
Um manifesto
ISBN:
9789896658243
Ano de edição:
06-2019
Editor:
Objectiva
Idioma:
Português
Dimensões:
138 x 209 x 9 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
136
Tipo de Produto:
Livro

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