Grátis
Sobre o livro
Homenagear Natália Correia é uma honra e simultaneamente um dever da revista Faces de Eva. Se qualquer uma das mulheres que trazemos semestralmente à capa da revista, já lá vão quase 21 anos, detém razões imensas para a sua apresentação, Natália Correia permanece no nosso imaginário como um ser surpreendente, cuja arte ultrapassa o que é reconhecido enquanto tal, para se confundir com a própria vida: extravagante, misteriosa, solidária, corajosa, mundana, solitária, apaixonada, Mulher!
E, no entanto, é como Poéta que é representada por mestre Martins Correia e é como poeta que provavelmente menos conhecida é. Desde já, a própria escolha da palavra poeta ou poetisa, qualificando Natália, não recolhe unanimidade. Se o escultor a identificou num masculino pretensamente neutro, e pessoas próximas reconhecem essa sua preferência, no prefácio A Breve História da Mulher e outros escritos, Teresa Horta defende precisamente o contrário, afirmando que Natália lhe terá dito: "Somos poetisas e não poetas. Teresa, nunca se esqueça. Para fazermos boa poesia não necessitamos de tomar para nós o que é do masculino."
Não pretendendo acentuar esta contradição, sendo para mim desconhecidos os contextos de tais afirmações, a poesia foi, para Natália, algo essencial, algo que ela fruía com a paixão e a inquietação de quem tudo fazia por inteiro, sem ceder a nenhum poder ou a causas que não as que considerasse válidas e, nesse caso, veementemente defendidas.