Calamento
de Romeu Correia
Grátis
Sobre o livro
«Ao longo da sua carreira literária, muito marcada pelas gentes e lugares de Almada, Romeu Correia soube sempre escrever, e bem, sobre aquilo que melhor conheceu e conviveu de perto: as pessoas da sua terra, que muitas vezes, com as suas dificuldades e dramas de vida, mas também preconceitos e alegrias, lhe deram a matéria prima necessária para peças de teatro, romances e contos. Ele foi, antes de qualquer outra coisa, um escritor por vocação, mas foi também um rebelde que se revoltou contra a inércia que sentiu em si e identificou nos outros. São, por isso, os mais desfavorecidos, ou se se quiser, os mais explorados pelo sistema, a quem Romeu Correia quis dar voz, tornando-os protagonistas de romances, como as costureiras de Trapo Azul (1948), os pescadores de Calamento (1950) ou os filhos das ervas deste mundo de Bonecos de Luz (1961). Também nos palcos, nas muitas peças de teatro que escreveu, algumas delas com passagem pelo Teatro Nacional, foram os operários, os vagabundos e as mulheres honradas reféns do preconceito que lhe marcaram as tramas e os atos, em diálogos sempre cheios de verosimilhança.»
[Vasco Branco (Almada, Dezembro de 2020)]
«Romeu Correia é o exemplo de um escritor que, tal como outros neo-realistas, dedicou a sua escrita a contar-nos a vida do povo em toda a sua riqueza de profissões, dificuldades de vida, sentimentos, tristezas e alegrias, amores e desamores, costumes, festas, falas e cultura, quer seja através de tradição oral ou escrita, quer seja através de música instrumental ou cantada, ou através da dança. Pagou a sua opção com perseguições e Censura no tempo do fascismo português, mas também com o intencional esquecimento em tempos de liberdade, nomeadamente por uma Universidade alheada dos problemas do país (salvo algumas instituições universitárias, de âmbito técnico, trabalhando para empresas) e por parte de uma elite cultural e de uma relevante comunicação social também divorciadas do país, e que não suportam a existência de uma cultura popular e diversificada diferente da sua.»
[António Mota Redol (Presidente da Direcção da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo)]