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Sobre o livro
«Em Barroso mantém-se entre homens e animais uma solidariedade que remonta ao Paraíso de Adão. Uma cozinha de Gostofrio é uma arca de Noé: os cães e os gatos passam a vida açapados à lareira ou no colo dos amos, dos quais recebem, conforme os ventos, afagos, pontapés e lambiscos; as galinhas levam o dia a entrar e a sair, a bicar o cibo nos escanos, nos potes, nas camas, a esgravatar a cinza e o lixo, e, à noite, empoleiram-se atrás da porta ao bafo do borralho; os coelhos entocam-se debaixo da lenha ou da masseira e daí fazem incursões a todos os recantos do casebre, e a qualquer hora; os recos criados ao caco, num caixote, muito perto do lume, porque são friorentos, fazem-se, com a idade, zaragateiros terríveis, espatifando trastes e canelas à dentada; os cabritos chegadiços, ou aleitados a biberão, não largam as pernas das pessoas com més e turras; e o burro e a vaca espreitam por cima da trancada que os separa da pedra do lar. Isto nas casas térreas»