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Sobre o livro
Autópsia de Um Mar de Ruínas, romance singular pela dupla perspectiva da guerra colonial que nos apresenta, comporta duas narrativas paralelas: uma centrada na acção dos militares portugueses no Norte de Angola, outra num quotidiano de medo e miséria, na revolta silenciosa e fria, na vitimização de duas sanzalas.
Eis, pois, um romance construído sobre duas linguagens, dois pontos de vista, duas razões sociais, duas histórias dentro da História contemporânea do colonialismo e da guerra - a realidade adversa de dois universos humanos em situação de emergência. Se o assunto e a narrativa alternam ao longo do romance, é contudo na dupla linguagem do autor que se centra a diferença desses dois mundos em guerra, sob a vertigem do mal e através da criação de vozes e de narradores distintos, no fulgor de uma escrita literária em sintonia com a experiência do vivido.
Este foi o mundo que o autor conheceu em Angola, ao longo de mais de dois anos de comissão, como enfermeiro militar, entre centenas de homens, mulheres e crianças, por conta das suas dores de alma, das suas doenças, dos males de viver e morrer numa emboscada, em hora de combate, na explosão das minas, num acidente com arma de fogo ou numa flagelação à distância.
Um romance emocionado, fortíssimo e de dupla perspectiva da Guerra Colonial. Apresenta duas narrativas paralelas: uma centrada na acção dos militares portugueses e a outra num quotidiano de medo e miséria. Os duros tempos de uma guerra que uns viram obrigados a fazer e outros a viver. ''Autópsia de um mar de ruínas'', lança uma reflexão pertinente sobre um período da nossa história, onde o autor realça o lado humano de homens que foram concebidos para serem máquinas de guerra. Um livro de cortar a respiração por este ser tão realista.