As Benevolentes
de Jonathan Littell; Tradução: Miguel Serras Pereira
Grátis
Sobre o livro
As Benevolentes é uma epopeia de um ser arrastado pelo seu
próprio percurso e pela História.
As Benevolentes são as memórias de Maximilien Aue, um ex-oficial
nazi, alemão de origens francesas que participa em momentos
sombrios da recente história mundial: a execução dos judeus,
as batalhas na frente de Estalinegrado, a organização dos campos
de concentração, até a derrocada final da Alemanha. Uma confissão
sem arrependimento das desumanidades cometidas durante
a Segunda Guerra Mundial, que provoca uma reflexão original e
desafiadora das razões que levam o homem a cometer o mal.
Este romance vai buscar o título à mitologia grega - as Erínias,
deusas perseguidoras, vingadoras e secretas, também conhecidas
por Eumênides ou Benevolentes.
Sara Figueiredo da Costa
«Um livro sobre o século XX e sobre o mal absoluto.»
Alexandra Lucas Coelho, Público
«Uma obra de ficção monumental sobre a Alemanha nazi.»
Expresso
«O melhor do livro são as reflexões de natureza subjectiva em tudo quanto tenha que ver com o modo como o narrador observa os contemporâneos e "pensa" a Solução Final sem qualquer tipo de escrúpulo. Não há leis raciais na Ucrânia? Então utilizam-se critérios religiosos... Grande parte dos raciocínios é de natureza heterodoxa, e não me espanta que um marxista se sinta ofendido com as analogias entre o comunismo e a Volksgemeinschaft. A questão do grau de culpa do povo alemão tem contributos decisivos. Um passatempo dos soldados era fotografar as execuções e enviar esses retratos à família. Quanto ao cinismo da opinião pública: "É notável a que ponto as pessoas estão bem informadas dos pretensos segredos, como o programa de eutanásia, a destruição dos judeus [...] o gás, tudo."»
Eduardo Pitta, Público
«As "memórias" de uma antigo oficial nazi são o pretexto para Jonathan Littell "reconstruir" os derradeiros passos do regime de Hitler - para o Leste onde se atafulhou e perdeu -, recortando, vistos a partir do lado "deles" (...), os perfis de homens do regime tal como eles existiram ou como o autor os ficcionou. As Benevolentes também é um imenso livro de História onde se surpreende a esquizofrénica burocracia do III Reich, algo que a Fest apelidou de "improvisação organizada", já a caminho do seu fulgurante crepúsculo. (...)
No texto de Littell revela-se como o bem e o mal se misturam nas peripécias de uma vida pessoal e de uma narrativa colectiva sem que isso lhe confira um estatuto de fatalidade dentro da fatalidade que efectivamente foi. Revela-se como a ficção da realidade - a realidade e a ficção que coincidiam no III Reich - pode ser "ultrapassada" através de um passeio numa paisagem paradisíaca que deixou para trás o cheiro fétido de cadáveres ou o estampido de uma arma disparada contar a nuca anónima. Littell entendeu bem o que Arendt quis significar com a expressão "banalidade do mal" a propósito do julgamento de Eichmann em Jerusalém. A leitura mais simplista exclamaria: "Lê-se e não se acredita." Ora a "tese" de As Benevolentes é justamente a contrária. Lê-se e acredita-se e eu, narrador, acreditava especialmente.
Por que é que As Benevolentes arrisca ser simultaneamente um dos grandes momentos da literatura contemporânea e uma tragédia clássica? Enterrado o fantasma do "novo romance" e Littell emerge como o novo "mestre da suspeita". O respeitável oficial da SS que nos explica a sua vida e a tenta perceber é, no desalinho dessa "história" cruel, revista, corrigida e aumentada, o deus sem fé que se esconde no coração do homem vazio de hoje. Crê-se, afinal, um justo nos antípodas do personagem da peça de Camus. Quem de entre nós, poderá atirar a primeira pedra?»
João Gonçalves, Revista Ler
escrita sublime, inteligente e bastante dura já tenho o outro livro do autor para ler de seguida