A República e os Judeus
de Jorge Martins
Sobre o livro
O processo de emancipação dos judeus portugueses foi longo e difícil. Se Pombal manietou a Inquisição no últi-mo quartel do século XVIII, os liberais vintistas extir-param-na definitivamente e a República reabilitou e legalizou as comunidades judaicas. A lei da Separação da Igreja e do Estado e a Constituição de 1911 criaram um novo paradigma religioso, que proporcionou ao ju-daísmo uma verdadeira liberdade de culto, como nunca acontecera em quase oito séculos de existência do Reino. As duas maiores comunidades judaicas foram legaliza-das em 1912 (Lisboa) e 1923 (Porto), em plena Repú-blica. Os republicanos no poder não se limitaram a des-culpabilizar-se pelos quase três séculos de discrimina-ção, antes chamaram alguns judeus, desde a primeira hora, para colaborarem na obra do novo regime. No lado oposto do projecto republicano, os anti-semitas fizeram tudo o que puderam para denegrir a República. No fundo, o anti-semitismo foi, para os integralistas, essencialmente um pretexto para combater a República. E a República respondeu-lhes com a legalização e a dignificação dos nossos judeus, situação que não mais voltaria a retroce-der e se reforçaria após o 25 de Abril de 1974, com a Constituição de 1976 e a Lei da Liberdade Religiosa, de 2001.