A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar
Uma espécie de manual de escrita humorística
de Ricardo Araújo Pereira
Grátis
Sobre o livro
SE É PARA FALAR DE HUMOR, APRENDA COM QUEM MAIS SABE
O que faz de Ricardo Araújo Pereira o maior humorista português? Já não é preciso esperar mais para saber (e aprender) o que RAP tem a dizer sobre escrita de humor. Podíamos fazer uma piada sobre a importância deste livro, mas o melhor é mesmo lê-lo. Aquilo a que chamamos humor, ou sentido de humor, é, na verdade, um modo especial de olhar para as coisas e de pensar sobre elas. É raro, não por se tratar de um dom oferecido apenas a alguns eleitos, mas porque aquele modo de olhar e de raciocinar é muito diferente (às vezes, o oposto) do convencional. Este livro procura identificar e discutir algumas características dessa maneira de ver e pensar.
O Ricardo Araújo Pereira procurou refletir sobre a natureza do humor. Qual a sua origem? Em que mecanismos ou regras se suporta? Caso se conseguissem definir de forma objetiva, de certa forma talvez fosse possível identificar algumas características que pudessem servir como receitas de aplicação geral. E em parte como refere, isso é verdade. Há abordagens padronizadas conhecidas, que o autor descreve, em capítulos específicos. “Aumentar uma coisa”, “Virar uma coisa de pernas para o ar”… Como explica (e felizmente para quem como ele fazem vida desta arte), apesar de tudo, existem zonas difusas que tornam estas abordagens pouco exatas no que respeita ao seu sucesso. Como seria de esperar, para cada capítulo / abordagem, o Ricardo ilustra-os com textos de obras diversas, por vezes clássicas, por vezes curiosamente não humorísticos por natureza, mas que conduzidos pelo seu olhar se encaixam como exemplos divertidos. Em resumo, trata-se de um trabalho bem conseguido no seu objetivo geral. Penso contudo, que infelizmente para nós, leitores, o autor foi demasiado breve em cada capítulo. Seguramente que poderia esmiuçar um pouco mais, pois há seguramente um mundo infindável de exemplos divertidos. Dei comigo a ler o livro em poucas horas, e com bastante calma, para saborear a prosa. Terá tido pressa para partir para outro projeto! É pena... Achei bastante positivo e curioso serem feitas referências aos tradutores dos textos dos autores estrangeiros que cita. Penso que decerto por lapso, se terá esquecido de referir que o título do livro é uma transposição do título de um outro livro, “Platão e um ornitorrinco entram num bar…”, de Thomas Cathcart e Daniel Klein, sendo que este também se baseia em textos humorísticos mas no caso para ilustrar de maneira divertida conceitos filosóficos.