Sobre o livro
Este livro é tanto um conto fantástico como um livro sobre a memória e o modo como ela nos afeta ao longo do tempo. A história é narrada por um adulto que, por ocasião de um funeral, regressa ao local onde vivera na infância, numa zona rural de Inglaterra, e revive o tempo em que era um rapazinho de sete anos. As imagens que guardara dentro de si transfiguram-se na recordação de algo que teria acontecido naquele cenário, misturando imagens felizes com os seus medos mais profundos, quando um mineiro sul-africano rouba o Mini do pai do narrador e se suicida no banco de trás. Esta belíssima e inquietante fábula revela a singular capacidade de Neil Gaiman para recriar uma mitologia moderna.
O nosso protagonista, depois de uma perda significativa, decide visitar a terra onde passou a sua infância e revisita a casa de uma antiga amiga que nunca mais viu. Mas a mãe dela ainda lá está e deixa-o entrar. Somos então transportados na memória deste rapaz, acompanhamos a sua infância e momentos que ele viveu numa casa não muito longe daquela. Ele fala sobre perda, sobre medos e sobre a magnífica amizade com Lettie, a menina que lhe apresentou o oceano, por onde ela e a sua família chegaram e que fica no quintal da sua casa. Durante a visita a este local mágico, eles vão atrair sem querer um monstro terrível, que vai assombrar a vida do protagonista. Que livro fantástico! Existem duas interpretações possíveis para esta história. Por um lado, tudo o que aconteceu é fruto da imaginação de uma criança, e podemos nós próprios voltar a ser meninos e meninas com mundos de fantasia nas nossas cabecitas, por outro, podemos olhar para história como sendo fruto da criação da mente fértil de um menino, e lermos como os adultos que somos. Que caminho vai o próximo leitor escolher? Recomendo a miúdos e graúdos.