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Para Lá da Boca do Dragão
Assim Shiva Naipaul abre a sua retrospectiva autobiográfica Para lá da Boca do Dragão, publicada em 1984, um ano antes da sua morte prematura. Foi a morte súbita e inexplicável de um amigo, originário como ele das Caraíbas, quando iniciava os seus estudos universitários em Oxford, que lançara Shiva Naipaul numa busca de si próprio e das suas raízes. Ele tinha apenas dezanove anos quando, em 1964, abandonara Trinidad, no navio que o levaria, para lá do estreito conhecido por Boca do Dragão, até Londres e até ao mundo.
Considerado pelo Times «um elegante e melancólico esboço autobiográfico», Para lá da Boca do Dragão é um mergulho sem contemplações na infância e na adolescência de um rapaz solitário, que desde cedo se foi desligando quase sem dar por isso dos laços que o prendiam à comunidade hindu familiar, ela própria flutuante e perdida num mundo que lhe era alheio.
Não admira que entre as paixões da primeira juventude de Shiva Naipaul nos confesse a sua admiração por Dostoievski. De facto, as figuras humildes que atravessam as memórias da sua meninice têm a grandeza trágica e despertam compaixão e melancolia semelhantes à dos pobres humilhados e ofendidos que povoam a obra do romancista russo. Mas uma luz especial e uma resignação kármica emprestam-lhes um recorte que as torna indissociáveis da própria errância do Autor, transportado da ilha colonial perdida no mar de sargaço às capitais do grande império.
Considerado pelo Times «um elegante e melancólico esboço autobiográfico», Para lá da Boca do Dragão é um mergulho sem contemplações na infância e na adolescência de um rapaz solitário, que desde cedo se foi desligando quase sem dar por isso dos laços que o prendiam à comunidade hindu familiar, ela própria flutuante e perdida num mundo que lhe era alheio.
Não admira que entre as paixões da primeira juventude de Shiva Naipaul nos confesse a sua admiração por Dostoievski. De facto, as figuras humildes que atravessam as memórias da sua meninice têm a grandeza trágica e despertam compaixão e melancolia semelhantes à dos pobres humilhados e ofendidos que povoam a obra do romancista russo. Mas uma luz especial e uma resignação kármica emprestam-lhes um recorte que as torna indissociáveis da própria errância do Autor, transportado da ilha colonial perdida no mar de sargaço às capitais do grande império.