Manuel Costa Alves
Biografia
Foi (será sempre) meteorologista. Durante anos, apresentou a informação meteorológica na RTP e na TVI. Em 1998, estabeleceu a relação entre o Instituto de Meteorologia e a Proteção Civil e, em 2002, tentou desenvolver um projeto-piloto de regionalização de atividades, com centro em Castelo Branco, sobre a monitorização do ciclo vegetativo da fruticultura e sobre os impactos dos extremos do calor e do frio no distrito. Foi professor-convidado de Climatologia no Instituto Politécnico da Guarda. Mantém uma intervenção regular na imprensa com a coluna "Cata-Ventos", primeiro no Diário de Notícias e, desde que regressou à terra natal, em 2002, no semanário Reconquista. Compilou e analisou a componente meteorológica do adagiário popular em "Mudam os Ventos, Mudam os Tempos" (Gradiva 1996, com edições aumentadas em 2002 e 2006). Refletiu sobre os tempos da história e do seu encontro com uma segunda pátria em "Voltar a Timor" (Gradiva, 1998). Registou reflexões sobre a evolução das ideias ao longo do seu percurso em "Podia Ser de Outra Maneira" (Ulmeiro, 2000).
Dirigiu o Grupo de Poesia e Teatro "Mãos ao Ar" da secção de Castelo Branco da Associação Nacional de Professores.
Em 2016, atreveu-se a entrar no território arriscado, trabalhoso e estimulante de ver, sentir e comunicar com as gramáticas da poesia. Publicou "Corpo Aberto" e em 2018 "De Muitos Ventos e Utopia" (CMCB, Coleção Alvores).
Dirigiu o Grupo de Poesia e Teatro "Mãos ao Ar" da secção de Castelo Branco da Associação Nacional de Professores.
Em 2016, atreveu-se a entrar no território arriscado, trabalhoso e estimulante de ver, sentir e comunicar com as gramáticas da poesia. Publicou "Corpo Aberto" e em 2018 "De Muitos Ventos e Utopia" (CMCB, Coleção Alvores).
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Há Planetas em Muitos Lugares
A comunicação tornou-se difícil em tempo de pandemia. O vírus «segue o curso atmosférico da respiração» («Com um bater de asas», p. 7), ou «os vírus dão-se nos jardins da respiração» («Há cento e dois anos», p.9). «Tudo é refúgio e tenho de respirar-me». As palavras são fulcro de comunicação e por isso em «Os meses estão exaustos» (p.50) o último verso exprime a ideia duma relação indispensável ao convívio humano: «Escrevo para não me esquecer de falar». No poema «As crianças fecham amanhã» (p.10), de título bem sugestivo, o fechamento, o medo e a solidão presentificam-se com intensidade. No último poema desta primeira parte - «O bloqueio não dura sempre» (p.51) - desponta, porém, uma pontinha de esperança: «O futuro há de voltar com palavras que nos protejam deste frio».
Numa imagística singular, o poema «As Nuvens» (p.68) permite-nos fruir a beleza de metáforas conseguidas com assento na realidade, de que dou exemplo: «São os únicos mares que foram criados no ar; / às vezes poisam os pés no chão». O poema «Carlos Drummond de Andrade» (p.86) anuncia no primeiro verso «É um planeta extenso e quotidiano» e no último verso «É um planeta com luz própria», sendo o último paradoxo a ênfase da grandeza do poeta falado.
(…) Estes poemas de Há Planetas em Muitos Lugares têm o dom de prender pela emoção que despertam, pela riqueza da imagística de quem escreve com a maturidade e a sensibilidade que impedem que se distraia do mundo e da vida. Quando o poeta diz do poema: «Se ascende ao âmago de quem lê, é porque ilumina» («Para mais do que eu», p.73), eu, como leitora, respondo: estes poemas iluminam.» Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata
Numa imagística singular, o poema «As Nuvens» (p.68) permite-nos fruir a beleza de metáforas conseguidas com assento na realidade, de que dou exemplo: «São os únicos mares que foram criados no ar; / às vezes poisam os pés no chão». O poema «Carlos Drummond de Andrade» (p.86) anuncia no primeiro verso «É um planeta extenso e quotidiano» e no último verso «É um planeta com luz própria», sendo o último paradoxo a ênfase da grandeza do poeta falado.
(…) Estes poemas de Há Planetas em Muitos Lugares têm o dom de prender pela emoção que despertam, pela riqueza da imagística de quem escreve com a maturidade e a sensibilidade que impedem que se distraia do mundo e da vida. Quando o poeta diz do poema: «Se ascende ao âmago de quem lê, é porque ilumina» («Para mais do que eu», p.73), eu, como leitora, respondo: estes poemas iluminam.» Maria de Lurdes Gouveia da Costa Barata