Madalena de Castro Campos
Biografia
Nasceu em 1984, em Lisboa.
Fez, sem muito empenho, uma licenciatura em filosofia, e depois uma outra em arquitetura paisagista. Trabalha em Edimburgo, Escócia, na área do design de jardins.
Editou na Companhia das Ilhas o seu primeiro livro de poesia: O Fardo do Homem Branco, em 2103. Publica o blogue Les Cahiers de la Mariée.
Fez, sem muito empenho, uma licenciatura em filosofia, e depois uma outra em arquitetura paisagista. Trabalha em Edimburgo, Escócia, na área do design de jardins.
Editou na Companhia das Ilhas o seu primeiro livro de poesia: O Fardo do Homem Branco, em 2103. Publica o blogue Les Cahiers de la Mariée.
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Condition Report
Condition Report, de Madalena de Castro Campos, é um romance reflexivo que procura pensar de forma cruzada as ideias de literatura, de feminilidade e de exílio. Explora-se a experiência da solidão urbana a partir da interioridade de uma mulher de trinta e três anos recentemente mudada para Edimburgo.
«(E veio uma daquelas épocas em que não tinha nada a que pudesse chamar casa, nem quarto nem cama nem lençóis, nada que fosse seu, nada que pela noite permitisse antecipar o dia seguinte, entre comboios, transbordos, voos desviados e escalas no meio do deserto. Lá fora era noite e seria noite, frio, fome, os horários trocados à procura do quarto que a amiga de uma amiga lhe prometera. Em volta falavam línguas que não dominava, obedeciam a códigos que só a custo começava a compreender e quando enfim algo ou alguém principiava a fazer sentido — a compreender por exemplo o que era ser mulher num mundo de homens, o que seria ser mulher por entre as mulheres, o que esperavam dela, o que poderia ela esperar dos outros — mudava de lugar e era obrigada a recomeçar do início. Procurar um quarto para alugar, fazer durar o dinheiro até ao final da semana — até ao final do mês, até ao próximo emprego —, arrancar do rosto os restos do orgulho antes de conseguir sair à rua.)»
«(E veio uma daquelas épocas em que não tinha nada a que pudesse chamar casa, nem quarto nem cama nem lençóis, nada que fosse seu, nada que pela noite permitisse antecipar o dia seguinte, entre comboios, transbordos, voos desviados e escalas no meio do deserto. Lá fora era noite e seria noite, frio, fome, os horários trocados à procura do quarto que a amiga de uma amiga lhe prometera. Em volta falavam línguas que não dominava, obedeciam a códigos que só a custo começava a compreender e quando enfim algo ou alguém principiava a fazer sentido — a compreender por exemplo o que era ser mulher num mundo de homens, o que seria ser mulher por entre as mulheres, o que esperavam dela, o que poderia ela esperar dos outros — mudava de lugar e era obrigada a recomeçar do início. Procurar um quarto para alugar, fazer durar o dinheiro até ao final da semana — até ao final do mês, até ao próximo emprego —, arrancar do rosto os restos do orgulho antes de conseguir sair à rua.)»