Fernando Pereira Marques
Biografia
Fernando Pereira Marques nasceu em 1948. É diplomado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e doutorado em Sociologia pela Universidade de Amiens (França). Foi professor catedrático convidado na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa), onde dirigiu o 2.º Ciclo de Ciência Política. É investigador integrado no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. É autor de várias obras nas áreas do ensaísmo e da investigação e diretor da revista Finisterra (fundada por Eduardo Lourenço). Publicou A República Possível na Gradiva.
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Ainda Há Praia Sob a Calçada?
Não cultivo uma serôdia nostalgia das ilusões que me animavam há cinquenta anos atrás, mas também não me penitencio por esse inconformismo juvenil. Antes pelo contrário, é graças a ele e à memória viva desses tempos que, refletindo sobre o actual estado das coisas, se por um lado me recuso a ignorar o que nele é suceptível de nos tornar realisticamente pessimistas, por outro insisto em manter um indispensável optimismo da vontade que abra perspectivas de futuro.
Numa determinada fase da evolução das sociedades ocidentais, quando os modelos tecno-económicos sofriam os efeitos da industrialização, compreende-se que se tenha pensado, com o optimismo herdado das Luzes, que a superação das desigualdades e das injustiças que nelas existiam se conseguiria resolvendo as antinomias capital vs. trabalho, burguesia vs. proletariado e substituindo o "modo de produção" capitalista pelo "modo de produção socialista".
O século XX, o afrontamento entre extremos que o ensanguentaram e os autoritarismos e totalitarismos que se implantaram vieram demonstrar que o funcionamento das sociedades e as pessoas na sua humanidade tornam tudo mais complexo. Por isso, a recusa do conformismo e da aceitação passiva do status quo deve ter, sempre em primeiro lugar, o ser humano como medida de todas as coisas, pois nada justifica a opressão de gente de carne e osso; nem a defesa de Wall Street, nem a promessa de um paraíso terreno ou etéreo.
Numa determinada fase da evolução das sociedades ocidentais, quando os modelos tecno-económicos sofriam os efeitos da industrialização, compreende-se que se tenha pensado, com o optimismo herdado das Luzes, que a superação das desigualdades e das injustiças que nelas existiam se conseguiria resolvendo as antinomias capital vs. trabalho, burguesia vs. proletariado e substituindo o "modo de produção" capitalista pelo "modo de produção socialista".
O século XX, o afrontamento entre extremos que o ensanguentaram e os autoritarismos e totalitarismos que se implantaram vieram demonstrar que o funcionamento das sociedades e as pessoas na sua humanidade tornam tudo mais complexo. Por isso, a recusa do conformismo e da aceitação passiva do status quo deve ter, sempre em primeiro lugar, o ser humano como medida de todas as coisas, pois nada justifica a opressão de gente de carne e osso; nem a defesa de Wall Street, nem a promessa de um paraíso terreno ou etéreo.