Para a construção deste texto, tomámos emprestadas a Shakespeare duas personagens de A Tempestade: Miranda e Áriel. Imaginámos diálogos entre as duas, cenas paralelas às que Shakespeare descreve na sua peça e que poderão ser vistas como a preparação de Miranda para o seu encontro com Fernando, com quem deverá casar. E partimos de uma pergunta: e se um dos livros de Próspero, por onde Miranda estuda, fosse O Primeiro Fólio, onde se encontram reunidas as peças de Shakespeare?

A crítica tem vindo a ler A Tempestade como o epítome da carreira de Shakespeare, o local onde o dramaturgo procede a uma espécie de reavaliação de toda a sua obra; em Mulheres de Shakespeare explorámos um ângulo semelhante, construindo um espaço onde Miranda procede à revisão dos papéis femininos de algumas das principais peças do dramaturgo inglês.