Carlos Drummond de Andrade
Biografia
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta, cronista, ficcionista, tradutor, foi uma das figuras maiores da literatura brasileira do século XX, a par de Manuel Bandeira e João Guimarães Rosa. Com uma longa carreira literária, produziu extensa obra em quase todos os géneros disponíveis, deixando ainda vasto conjunto de inéditos. Em 1962, supondo ter chegado perto do fim da vida ativa, publicou a célebre Antologia poética, em que dividiu os poemas selecionados por categorias temáticas, conjugando a exigência da seleção com um princípio de organização que se tornou orientação para a leitura da diversidade da sua poesia. Homem tímido e delicado, trabalhou como funcionário público durante 35 anos, viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, embora tenha nascido em Itabira, no estado de Minas Gerais. A ligação à terra natal, aos homens, à família e à província é um dos traços que singularizam a sua poesia, de par com a liberdade de composição, o humor e o sentimento do mundo, como tão bem notou Manuel Bandeira: «Ternura e ironia agem na sua poesia como um jogo automático de alavancas de estabilização: não há manobra falsa nesse admirável aparelho de lirismo.»
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Vai, Carlos!
Colecção «Os Melhores Deles Todos»: Os primeiros quatro livros de poesia de Carlos Drummond de Andrade num só volume.
«Vai, Carlos! ser gauche na vida»: com este imperativo, atribuído a um «anjo torto/desses que vivem na sombra» na primeira estrofe do primeiro poema do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, insinua-se na sua obra a figura da improbabilidade da condição de poeta e do lugar para a poesia no mundo moderno.
Os quatro primeiros livros que aqui retomamos - Alguma poesia, Brejo das Almas, Sentimento do mundo e José - declinam de vários modos este sentimento de inadequação ou inabilidade, indissociável da condição irónica do poeta, como Drummond parece assinalar num balanço feito nos mesmo anos em que reunia pela primeira vez, no volume Poesias (1942), a sua obra publicada: «meu progresso e´lentíssimo, componho muito pouco, não me julgo substancialmente e permanentemente poeta».
É a configuração dessa primeira reunião, que fechava o início da sua trajectória, que este livro reproduz: um núcleo orgânico em que se comprova que o «primeiro Drummond» já era, desde sempre, o nome de um rumo determinante da poesia brasileira do século XX.
«Vai, Carlos! ser gauche na vida»: com este imperativo, atribuído a um «anjo torto/desses que vivem na sombra» na primeira estrofe do primeiro poema do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, insinua-se na sua obra a figura da improbabilidade da condição de poeta e do lugar para a poesia no mundo moderno.
Os quatro primeiros livros que aqui retomamos - Alguma poesia, Brejo das Almas, Sentimento do mundo e José - declinam de vários modos este sentimento de inadequação ou inabilidade, indissociável da condição irónica do poeta, como Drummond parece assinalar num balanço feito nos mesmo anos em que reunia pela primeira vez, no volume Poesias (1942), a sua obra publicada: «meu progresso e´lentíssimo, componho muito pouco, não me julgo substancialmente e permanentemente poeta».
É a configuração dessa primeira reunião, que fechava o início da sua trajectória, que este livro reproduz: um núcleo orgânico em que se comprova que o «primeiro Drummond» já era, desde sempre, o nome de um rumo determinante da poesia brasileira do século XX.