António Horta Fernandes
Biografia
António Horta Fernandes, Docente do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI). Estrategista e Polemologista, publicou Livro dos Contrastes - Guerra e Política (2017), Acolher ou Vencer? A guerra e a estratégia na actualidade (2011), Grandes Estrategistas Portugueses. Antologia (com António Paulo Duarte (2007), Entre a História e a Vida. A teoria da história em Ortega y Gasset (2006), Pensar a Estratégia (com Francisco Abreu) (2004), Portugal e o Equilíbrio Peninsular (com António Paulo Duarte) (2004) e O Homo Strategicus ou a Ilusão de uma Razão Estratégica (1998).
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Guerra Santa e Guerra Justa
Hoje, quando se fala em guerra santa e em guerra justa, vem-nos quase sempre à memória a lembrança das cruzadas e com elas da Idade Média, essa época dita obscura onde os homens se matavam por causa da fé, ou onde havia sempre um pretexto reputado de justo para guerrear. Nada disso parece ser verdade e a presente obra visa mostrar que não o é, procurando desconstruir um conjunto de ideias arreigadas mesmo na mais recente historiografia medievalista.
Na guerra santa, não é a guerra que é santa, antes a defesa da ordem que o homem medieval julga ser maculada pelo oponente. A guerra em si nunca deixa de ser condenada e denegrida ao longo de toda a Idade Média. Porém, muitas vezes os homens vêem-se na necessidade de combater e de justificar o combate, de apelar à defesa armada e à restauração da ordem querida por Deus, sendo essa defesa que valorizam enquanto forma de restabelecer a ordem, mas não por ser armada.
O leitor perceberá que na Idade Média não se caracteriza pelo cultivo dos valores marciais nem as suas sociedades se revelam como organizadas para e pela guerra. Justamente o oposto. É que a ordem, incluindo a ordem política, querida por Deus assenta exclusivamente na paz. Paz e guerra configuravam dois mundos apartados.
Na guerra santa, não é a guerra que é santa, antes a defesa da ordem que o homem medieval julga ser maculada pelo oponente. A guerra em si nunca deixa de ser condenada e denegrida ao longo de toda a Idade Média. Porém, muitas vezes os homens vêem-se na necessidade de combater e de justificar o combate, de apelar à defesa armada e à restauração da ordem querida por Deus, sendo essa defesa que valorizam enquanto forma de restabelecer a ordem, mas não por ser armada.
O leitor perceberá que na Idade Média não se caracteriza pelo cultivo dos valores marciais nem as suas sociedades se revelam como organizadas para e pela guerra. Justamente o oposto. É que a ordem, incluindo a ordem política, querida por Deus assenta exclusivamente na paz. Paz e guerra configuravam dois mundos apartados.