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Nostradamus
Nostradamus: «Não recebo a iluminação divina através de um movimento linfático nem com uma fúria de bacante, mas directamente de Deus, que opera em mim quando observo as asserções astronómicas. Componho bem mais por um instinto natural acompanhado por um furor poético, do que pelas regras da poesia.»
Quando André Breton publicou em 1940 a sua Antologia do Humor Negro, decidiu incluir entre quarenta e cinco seleccionados um único italiano, Alberto Savinio, com um excerto da Introdução a Uma Vida de Mercúrio. E explicava: «Qualquer mito moderno ainda em formação apoia-se, na sua origem, em duas obras quase indiscerníveis no seu espírito, a de Alberto Savinio e a do seu irmão Giorgio de Chirico, obras que atingem o seu ponto culminante nas vésperas da guerra de 1914. Os recursos do visual e do auditivo são simultaneamente levados a contribuir para a criação de uma linguagem simbólica, concreta, universalmente inteligível pelo facto de pretender dar conta, no mais alto grau, da realidade específica da época […]. "Na época actual", escreveu Savinio em 1914, "a via destinada a predominar caracteriza-se sobretudo pela sua forma austera e sombria, pela aparência rígida e bem materializada da sua metafísica… Longe daquelas idades onde a total abstracção reinava, a nossa época seria levada a fazer jorrar as próprias matérias (das coisas) com os seus completos elementos metafísicos. A ideia metafísica passaria do estado de abstracção ao dos sentidos. E assim se alcançaria a valorização total dos elementos que informam o tipo de homem pensante e sensível."»
Este «programa», muito central na atitude pictórica e nalguns textos de Savinio, não deixa de mostrar-se com maior e menor discrição em tudo o que ele escreveu. Encontrá-lo-emos um tanto disfarçado nesta bem-humorada e efervescente divagação sobre o mago Nostradamus, que num dia quente do ano de 1566 caiu no chão com um abafado ruído, semelhante ao da queda de um sapo. «Há, entre sapos e profetas, uma afinidade sonora», informa-nos a sabedoria proto-surrealista do escritor Alberto Savinio. [Aníbal Fernandes]"
Quando André Breton publicou em 1940 a sua Antologia do Humor Negro, decidiu incluir entre quarenta e cinco seleccionados um único italiano, Alberto Savinio, com um excerto da Introdução a Uma Vida de Mercúrio. E explicava: «Qualquer mito moderno ainda em formação apoia-se, na sua origem, em duas obras quase indiscerníveis no seu espírito, a de Alberto Savinio e a do seu irmão Giorgio de Chirico, obras que atingem o seu ponto culminante nas vésperas da guerra de 1914. Os recursos do visual e do auditivo são simultaneamente levados a contribuir para a criação de uma linguagem simbólica, concreta, universalmente inteligível pelo facto de pretender dar conta, no mais alto grau, da realidade específica da época […]. "Na época actual", escreveu Savinio em 1914, "a via destinada a predominar caracteriza-se sobretudo pela sua forma austera e sombria, pela aparência rígida e bem materializada da sua metafísica… Longe daquelas idades onde a total abstracção reinava, a nossa época seria levada a fazer jorrar as próprias matérias (das coisas) com os seus completos elementos metafísicos. A ideia metafísica passaria do estado de abstracção ao dos sentidos. E assim se alcançaria a valorização total dos elementos que informam o tipo de homem pensante e sensível."»
Este «programa», muito central na atitude pictórica e nalguns textos de Savinio, não deixa de mostrar-se com maior e menor discrição em tudo o que ele escreveu. Encontrá-lo-emos um tanto disfarçado nesta bem-humorada e efervescente divagação sobre o mago Nostradamus, que num dia quente do ano de 1566 caiu no chão com um abafado ruído, semelhante ao da queda de um sapo. «Há, entre sapos e profetas, uma afinidade sonora», informa-nos a sabedoria proto-surrealista do escritor Alberto Savinio. [Aníbal Fernandes]"
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