Acácio Alferes
Biografia
Nasci a 10 de abril de 1939 no monte da Casa Branca do Sado e vivi no mesmo monte e na mesma casa até aos 16 anos. Aos sete anos fui para a escola da barragem de Vale de Gaio. Para ir à escola calcorreava 13 quilómetros de madrugada, na companhia duns trabalhadores da barragem e, à noitinha, eram mais 13 quilómetros para regressar a casa. Terminada a 4ª classe e a admissão, fui fazer os dois primeiros anos do liceu no Torrão com um professor primário, o professor Viegas. Do 3º ao 5º anos andei no Liceu de Setúbal. O 6º e o 7º ano fi-los no Liceu de Évora. Em 1957 entrei no IST, onde andei até julho de 1961, altura em que, quando menos esperava, fui chamado para cumprir o serviço militar, que terminei em outubro de 1964. De outubro de 1964 a janeiro de 1966 dei aulas em Almada, na Escola Emídio Navarro e, a seguir, a convite de um dos meus assistentes do IST, fui trabalhar, durante cerca de um ano, para a fábrica de transformadores da Siemens na Motra-Sabugo. Como trabalhador-estudante fiz os últimos 3 anos do curso de Engenharia Eletrotécnica, que terminei em 1967, já casado e com um filho. Em janeiro de 1968 ingressei no ramo das telecomunicações dos CTT e, em julho, depois de um estágio em Aveiro, fui colocado em Évora. onde fiquei até julho de 1994, quando fui saneado e despejado para os serviços centrais da empresa em Lisboa onde trabalhei até me aposentar, em outubro de 1996.
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«O Eng.º Acácio Alferes partilha connosco de forma simples, quase romântica, o seu percurso de homem atento ao seu tempo, às pessoas, aos acontecimentos e sempre ao lado dos humildes e desprotegidos. Com "voz doce e bons modos" mesmo quando foi vítima de saneamento iníquo e estúpido (consequências de ser de esquerda). Longa marcha que o leva a Setúbal, do tempo de Rómulo de Carvalho (António Gedeão), a Évora e ao Instituto Superior Técnico. Passando pelas dificuldades dos estudantes de modestas posses, quartos baratos, restaurantes de qualidade duvidosa e dando explicações para poder estudar. Participando, naturalmente, nas lutas que surgem no rescaldo dos efeitos do decreto 40900, que queria submeter as Associações Académicas à Mocidade Portuguesa, até às greves de 1962 e em todos os movimentos dessa época contra a ditadura. Conquistada a liberdade, foi autarca, militante democrata, sempre presente no terreno, acompanhando os movimentos populares em Évora o que leva a direita revanchista a "saneá-lo" pondo-o na prateleira. Quadros da vida de um técnico brilhante que é acima de tudo um humanista.»
Manuel L. Malheiros
Manuel L. Malheiros