Sobre o livro
No seu número 2 a revista Grotta aprofunda a sua vocação para reunir quem escreve no território açoriano e fora dele. Volta a juntar um respeito pela tradição literária, uma atenção à pluralidade de vozes e à comunicação com outros lugares.
O dossier dedicado à Literatura de Porto Alegre é uma forma de celebrar, hoje, a nossa ancestral ligação com a capital do Rio Grande do Sul, com necessidade de uma boa actualização, lugar fundamental para os Açores e os açorianos.
Há uma longa entrevista com Eduíno de Jesus, que partilha com os leitores a sua vida literária e a forma como vê o mundo, em respostas pensadas e cuidadas. E inspiradoras, sempre.
Continua-se a fazer conviver respirações de tempos diferentes. Textos sobre Natália Correia de autores premiados (Carolina Bettencourt). Uma peça, de Victor Rui Dores, sobre o rico suplementarismo literário açoriano, narrativas na primeira pessoa de personagens de séries televisivas que aterram no espaço da ilha e contos ao desafio, escritos por novos autores. Poemas de nomes como Renata Correia Botelho e Rui Machado e slam poetry de Carla Veríssimo.
Urbano Bettencourt, num texto de referência aqui incluído, Escritas insulares - fragmento e derivas, trata da «condição insular como uma oscilação entre a permanência e a errância, entre o auto-centramento e a deriva que leva à descoberta». A prosa começa com uma citação de Michelet: «A Inglaterra é uma ilha». Uma ilha para a qual viajamos e que pisamos com vagar através da poesia de Ken Smith, traduzida por Hugo Pinto Santos (autor, relembre-se, da tradução dos poemas irlandeses do primeiro número da grotta).
Este número está amplamente ilustrado por dois artistas plásticos - Paula Mota e João Decq - que valorizam muitíssimo a edição, transportando-a para um território que pretende ocupar: o do diálogo entre artes, o da conversa entre linguagens diferentes e complementares.
A revista Grotta é dirigida por Nuno Costa Santos e conta com coordenação editorial de Diogo Ourique. A edição é da Letras Lavadas.