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Sobre o livro
Se querem vencer as debilidades do liberalismo actual e enfrentar com vigor renovado os desafios postos, hoje, às sociedades livres, os liberais precisam de se reconhecer culturalmente cristãos - o que não implica ser cristão crente nem renunciar à laicidade do Estado. Esta identidade cultural do liberalismo está em causa nos debates que atravessam, hoje, a Europa e o Ocidente, em geral. Filho da tradição judaico-cristã, o liberalismo não pode renunciar à sua identidade originária sem renunciar a si mesmo. Sem aquela tradição, aspectos essenciais do liberalismo - como os direitos do homem, a liberdade individual, a anterioridade do individuo face ao Estado, a prevalência do Estado de direito - ficam sem fundamento e perdem a garantia de universalidade, essencial para a sua compreensão e afirmação. A "apostasia do Cristianismo" é, portanto, a doença das sociedades livres. Os sintomas desta doença abundam e Marcello Pera identifica alguns: a incapacidade de unir a Europa, devido à recusa em reconhecer a alma que a anima; o esgotamento do Estado social; a debilidade cultural do Ocidente face a culturas alheias à sua tradição, sobretudo a islâmica; o relativismo e o multiculturalismo; a falência ética do Ocidente... A sobrevivência do liberalismo e das sociedades livres depende, portanto, de uma renovada compreensão das suas origens e da afirmação descomplexada dessas origens. Caso contrário, o liberalismo não tem futuro e as sociedades livres do Ocidente perderão a sua identidade.