Pornopopeia
de Reinaldo Moraes
Sobre o livro
O protagonista de Pornopopeia, é um produto do nosso tempo - um individualista atroz na busca incessante do prazer imediato. Antigo cineasta marginal (com uma única longa-metragem no currículo), Zeca, que não tem dinheiro e vive na base do improviso, precisa de fazer um spot publicitário sobre miúdos de frango. E não sabe por onde há-de começar. Por isso dá largas à sua voracidade (mais uma linha, mais um uísque, mais um engate) e entra numa espiral sexo, álcool e drogas de proporções épicas.
A linguagem radicalmente inventiva e explícita, o ritmo absolutamente estonteante e o humor feroz fazem de Pornopopeia uma narrativa visceral, uma fuga desenfreada rumo a parte nenhuma, um livro de excesso para uma era de excessos - um livro despudorado e politicamente incorrecto a que o leitor dificilmente resistirá.
Arnaldo Bloch, O Globo
«Pornopopéia recolocou Reinaldo Moraes com os dois pés na melhor literatura feita no país.»
Álvaro Costa e Silva, Ilustríssima
«Pornopopéia, antes de tudo, é de matar de rir.»
Alcir Pécora, Folha de S. Paulo
«Trata-se, antes, de desinteresse individual por qualquer coisa além de excitação químicosexual e, desde que no mesmo diapasão do prazer como fundamento da vida, de excitação literária.»
Alcir Pécora
«A Mais recente granada literária.»
Perry Anderson, London Review of Books
Quando gostamos muito de ler e de livros, acabamos por encontrar muita coisa. De tudo. Da maior parte não nos lembraremos. Eu já nem prossigo leituras que não me cativem desde logo. De uma generalidade das nossas leituras, talvez metade, sabemos que lemos, embora não nos tenha ficado grande memória de passagens memoráveis – é propositado o pleonasmo. E depois há estes livros. Os livros de que nos lembraremos sempre. Que mencionamos em conversas com amigos. Que recomendamos. Que tentamos citar. Que relemos. Pornopopeia é um romance – epopeia alucinante, maravilhoso, cru e cruel, mas divertido e actual. A brutal realidade brasileira num registo direto, onde as personagens nos aparecem corrompidas quase desde o nascimento, mas onde o autor encontra sempre redenção. Eu não lia português do Brasil tão bem escrito desde Machado de Assis. Pelo menos não me lembro, e como vimos acima, é do que nos fica na memória que interessa. Pornopopeia mantem-nos atentos e expectantes desde o primeiro ao último minuto. Queremos chegar ao fim, mas não queremos que acabe. Lemos com pena a última página. Recomendo muito.
O título do livro faz justiça ao texto. Uma viagem narrativa que é pura orgia, escrita numa linguagem saturada e coloquial ao extremo. A dimensão hedonista é despudorada, brutal, aliada a um registo constantemente cómico e de paródia. Um livro de excessos, uma das coisas mais hilariantes que alguma vez li.