Sobre o livro
O chefe do cartel de Medellín permanece no imaginário popular como o narcotraficante por excelência, o homem que controlava grande parte da cocaína que se consumia nos EUA nos anos de 1980, pondo em cheque o seu país.
Vinte e um anos após a sua morte, Juan Pablo Escobar viaja a um passado que não escolheu para contar a versão inédita do pai, o homem capaz de chegar aos piores extremos de crueldade, ao mesmo tempo que professava um amor infinito à família.
Este não é um livro em que um filho procura o perdão para o pai, mas um testemunho ímpar da face oculta de um dos criminosos mais poderosos e sanguinários do século XX.
Mostra um Pablo Escobar familiar, um pai muito terno e carinhoso mas, simultaneamente, um homem com sede de riqueza (no seu auge, Pablo Escobar era o sétimo homem mais rico do planeta, e seu cartel controlava 80% do tráfico de cocaína no mundo), que viveu rodeado de mercenários e em festas com pinhatas cheias de dinheiro.
A época dos excessos acabou quando o autor tinha 7 anos. O seu pai ordenou a morte do ministro de Justiça da Colômbia, Rodrigo Lara Bonilla, e, nesse momento, iniciou-se a guerra entre o Estado e narcotraficante. Escobar declarou esta guerra para impedir que uma lei que permitia a extradição de traficantes para os Estados Unidos fosse aprovada.
No livro, Juan Pablo Escobar defende uma das teorias mais controversas sobre a morte do seu pai. Afirma que não morreu às mãos da Polícia, mas sim que se suicidou com um disparo, ao ver-se encurralado.
O livro inclui numerosas fotografias do arquivo pessoal de Pablo Escobar.
Tendo visto a série Narcos, fui naturalmente levado a querer procurar mais informação acerca da fronteira entre a ficção e a realidade exibida na série. A verdade é que fiquei espantado com o que nos é contado pelo filho de Pablo Escobar neste livro. A realidade vivida por estes (família de Pablo) antes e depois da morte de um dos maiores traficantes de narcóticos não podia ser mais oposta. Em vida, viviam uma vida de luxo (no livro é listado alguns dos bens mais extravagantes possuídos pela família) onde este era admirado por muitos colombianos, temido pelo seus inimigos e um bandido inalcançável por quem o queria de facto prender, em virtude dos inúmeros crimes cometidos. A verdade é que esse estatuto foi-se dissipando, tendo sido morto numa emboscada, e depois da sua morte a sua família foi quem mais sofreu, tendo inclusive de mudar de identidade sob pena de não serem vitimas dos inimigos de Pablo Escobar. Um testemunho surpreendente que quase parece ser ficção. Recomendo a leitura! Recomendo também a leitura do livro "Némesis - A Caça ao Criminoso Mais Procurado do Brasil" de Misha Glenny.