Os Frutos da Terra

Não é fácil ler Knut Hamsun, principalmente se dermos muita importância à sua orientação política. Porém, ele surpreendeu-me! Este autor, laureado com o Prémio Nobel da Literatura, nesta obra, apresenta-nos um Isac, em que "nada era mais importante que o campo: o campo era o seu mundo, e o trabalho, a pecuária e a lavoura eram as suas aventuras, a sua vida".

Knut Hamsun não é fácil de ler. Os seus livros não têm como objectivo único conter um princípio, um meio e um fim, mas sim descrever momentaneamente, com uma sensibilidade singular, histórias de personagens marcantes. Assim foi em Fome, um dos melhores livros que já alguma vez li, e assim também o é em Os Frutos da Terra. Neste enorme épico da vida rural, figura Isak, um homem rude, sem passado, cuja força e perseverança de retornar ao meio rural, a uma vida afastada da modernidade, se revelam o tema central da obra. Arregaçando as mangas, sujando as mãos na terra fria e inóspita do norte da Noruega, este homem, em plena comunhão com o verde, irá superar todas as dificuldades e obstáculos. Primeiramente só, depois criando uma família e um estilo de vida que, pelo menos para mim, é de invejar. Uma descrição encantadora do amor de um homem pela natureza que, através da força do seu trabalho árduo, numa desesperada fuga a uma sociedade cada mais corrupta e superficial, irá encontrar a tranquilidade num recanto da floresta.