Sobre o livro
Neste texto de carácter dissertativo e persuasivo, o pintor Nadir Afonso expõe em forma de manifesto as suas teorias sobre a inexistência do tempo e sobre a matemática como essência da arte. Não há tempo, há leis, há espaço, há movimento e a crença dos homens que julgam pressentir o tempo. De acordo com o pintor ensaísta, "a evolução é movimento. As diferenças de energia estabelecem diferenças de espaço e de velocidade, mas não estabelecem diferenças de tempo. O movimento é determinado pelas energias da natureza, enquanto o facto tempo é determinado pelas sensações abstractas dos homens." No seguimento desta perspectiva ou como consequência da mesma, surge uma outra declaração intempestiva, cuja corroboração é feita neste texto ensaístico mas está, para além disso, bastante explícita na obra de Nadir Afonso: a matemática é a essência da arte, o artista é aquele que descobre as relações matemáticas e geométricas no interior da natureza. Esta perspectiva não se aplica apenas às artes visuais, mas também à música ou à literatura, ambas feitas de sonoridades e ritmos matemáticos.