O Prisioneiro da Torre Velha
de Fernando Campos
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Sobre o livro
Fernando Campos regressa ao romance histórico com um livro que relata os momentos cruciais que antecederam a revolução de 1640. E conta a história servindo-se das palavras escritas pela figura central da obra, D. Francisco Manuel de Melo. "É um homem excepcional", diz o escritor. "Viveu repartido e sem pátria".
Críticas de imprensa
"A escrita primorosa de Fernando Campos é sempre um prazer para os olhos e para o espírito""
in, Expresso
""Escritores como este, já há poucos. Escrita como esta, cada vez mais rara.""
in, Diário de Notícias
in, Expresso
""Escritores como este, já há poucos. Escrita como esta, cada vez mais rara.""
in, Diário de Notícias
Excertos
"Sobre seis anos de morto estou agora enterrado de fresco. Primeiro meus inimigos disseram que matei, agora alegam que intentava fugir. Tomo ao céu e terra por testemunhas de que ainda hão de dizer que idolatro. Tire-me Sua Majestade daqui e mande-me para a prisão do Castelo de Lisboa, que se aposentou agora nesta Torre Velha o governador dela, Rui Lourenço, por via da guerra com os ingleses parlamentários. É forçoso que um de nós se sinta desacomodado e não é justo que seja ele. A primeira coisa que perdi em seis anos de prisão é a presente. Meu desejo se não estende a mais que a alcançar me mudem de prisão a prisão e não dela para a liberdade. Isto faz um corregedor nos presos do Limoeiro cada vez que lho pedem, passá-los da cadeia da corte para a da cidade e ao contrário. Não tenho já que vender nem que empenhar nem dinheiro para dar a barcos nem grãos a hóspedes. Que será de mim? Estou sobretudo doente de achaque que requerem cura imediata. Tenho dívidas, tenho legados a que dar satisfação. Ando em vésperas de fazer jornada larga e incerta. Que me mandem castigar no corpo, se o mereço, é santo, justo e bom; mas na alma nem na honra nem na consciência não parece idóneo. Um homem está fora de sua casa seis meses há mister um ano para a tornar a pôr na razão. Que farão seis anos? Jornada, mesmo para Santarém, necessita um homem de muitos dias para compor suas coisas. Eu não hei-de ir para Santarém…
Espero queira el-rei seja para o Brasil e não para a Índia e se acabe assim de limpar a terra de tão ruim coisa como eu…
E fico, como sempre, à espera. Sou tão fraco que, ainda tão continuado o sofrimento, o estranho. Mas uma gota de água continuada desbarata uma penha que resiste a uma bombarda por uma vez facilmente…
Espero queira el-rei seja para o Brasil e não para a Índia e se acabe assim de limpar a terra de tão ruim coisa como eu…
E fico, como sempre, à espera. Sou tão fraco que, ainda tão continuado o sofrimento, o estranho. Mas uma gota de água continuada desbarata uma penha que resiste a uma bombarda por uma vez facilmente…
"Sobre seis anos de morto estou agora enterrado de fresco. Primeiro meus inimigos disseram que matei, agora alegam que intentava fugir. Tomo ao céu e terra por testemunhas de que ainda hão de dizer que idolatro. Tire-me Sua Majestade daqui e mande-me para a prisão do Castelo de Lisboa, que se aposentou agora nesta Torre Velha o governador dela, Rui Lourenço, por via da guerra com os ingleses parlamentários. É forçoso que um de nós se sinta desacomodado e não é justo que seja ele. A primeira coisa que perdi em seis anos de prisão é a presente. Meu desejo se não estende a mais que a alcançar me mudem de prisão a prisão e não dela para a liberdade. Isto faz um corregedor nos presos do Limoeiro cada vez que lho pedem, passá-los da cadeia da corte para a da cidade e ao contrário. Não tenho já que vender nem que empenhar nem dinheiro para dar a barcos nem grãos a hóspedes. Que será de mim? Estou sobretudo doente de achaque que requerem cura imediata. Tenho dívidas, tenho legados a que dar satisfação. Ando em vésperas de fazer jornada larga e incerta. Que me mandem castigar no corpo, se o mereço, é santo, justo e bom; mas na alma nem na honra nem na consciência não parece idóneo. Um homem está fora de sua casa seis meses há mister um ano para a tornar a pôr na razão. Que farão seis anos? Jornada, mesmo para Santarém, necessita um homem de muitos dias para compor suas coisas. Eu não hei-de ir para Santarém…
Espero queira el-rei seja para o Brasil e não para a Índia e se acabe assim de limpar a terra de tão ruim coisa como eu…
E fico, como sempre, à espera. Sou tão fraco que, ainda tão continuado o sofrimento, o estranho. Mas uma gota de água continuada desbarata uma penha que resiste a uma bombarda por uma vez facilmente…
Espero queira el-rei seja para o Brasil e não para a Índia e se acabe assim de limpar a terra de tão ruim coisa como eu…
E fico, como sempre, à espera. Sou tão fraco que, ainda tão continuado o sofrimento, o estranho. Mas uma gota de água continuada desbarata uma penha que resiste a uma bombarda por uma vez facilmente…
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Detalhes do produto
O Prisioneiro da Torre Velha
ISBN:
9789722906692
Ano de edição:
04-2003
Editor:
Difel
Idioma:
Português
Dimensões:
118 x 121 x 9 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
416
Tipo de Produto:
Livro
Coleção:
Literatura Portuguesa
Classificação Temática: