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Sobre o livro
Nas derradeiras décadas do século XIX, a atenção do país e do seu regime monárquico constitucional é gradualmente absorvida pela questão colonial, quando país e governo se tornam de repente conscientes de que os grandes da Europa podem decidir, na Conferência de Berlim, iniciada em 15 de Novembro de 1884, a usurpação dos seus direitos históricos de domínio sobre vastas regiões de África.
Mas, entretanto, as novas ideias socialistas, defendendo a libertação dos trabalhadores perante a exploração capitalista, propagadas por teóricos como Proudhon, Marx e Engels, entre outros, representadas em Portugal pelo recém-criado Partido Operário Socialista, põem em causa tais direitos, tanto de Portugal como das outras nações colonizadoras, recusando o ideal de missão civilizadora da Europa - que justificaria o seu domínio sobre África -, e acusando mesmo essa Europa de, sob esse pretenso ideal, ter apenas subjugado, explorado e destruído povos, culturas e civilizações autóctones. No interesse dos capitalistas e da classe possidente de cada nação europeia. em Portugal, de facto, a questão colonial só desaparecerá quase cem anos depois, com o 25 de Abril de 1974.
É a história dessa gestação do confronto e rutura entre a visão tradicional do direito colonial, que (quase) toda a nação portuguesa assumia, e a nova visão de libertação dos povos, subsidiária das ideias socialistas de libertação do trabalho face ao capital, que o autor, João Silva, nos traz, com esta obra, de modo aprofundado e sério. Se pensarmos bem, o Mundo onde hoje vivemos é também o resultado do pensamento transformador surgido nessa metade de Oitocentos.