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Sobre o livro
"O Bafo do África" é um documento rigoroso que permite compreender melhor a "Guerra Colonial", nomeadamente a que ocorreu no teatro de Moçambique.
Entre o realismo dos dramas brutais da guerra, com os relatos das atrocidades e emboscadas que provocaram inúmeros mortos, estropiados e feridos, e a suave memória da cumplicidade e camaradagem entre irmãos de armas, ilustradas com desenhos e fotografias originais (a cor e preto e branco), o Autor apresenta um testemunho emocionante, mas sempre lúcido e sereno, um contributo indispensável para fazer a história da "Guerra Colonial" que durou 13 anos e levou à mobilização de mais de 800 mil portugueses.
Como sublinha J. F. Almeida Gonçalves, que assina o Prefácio, apesar do "salve-se quem puder" do dia-a-dia da guerra, «sempre que o perigo iminente e a adversidade batiam à porta, prevalecia espontaneamente o espírito de corpo, de sacrifício, de entreajuda, não raro com elevado risco pessoal».
Quem quer que tenha passado pelo continente africano percebe o significado desta expressão. Mal se lá chega fica-se agarrado pela sua magia, pela exuberante força da natureza, pela liberdade que se respira. Acresce que, quem estava na guerra, ao fim de algum tempo, e face às enormes e prolongadas adversidades próprias de tal situação, começava a ficar algo transtornado sob o ponto de vista psicológico e mesmo físico. Aos que eram atingidos por tal fenómeno, os militares portugueses diziam que estavam “apanhados” ou “apanhados do clima”, “cacimbados”, etc.
Nós, os sargentos de Mocímboa do Rovuma, costumávamos dizer, numa expressão com sabor indígena: «Já estou com o Bafo do África». (...)