No Antigamente, na Vida
de José Luandino Vieira
Grátis
Sobre o livro
Obra complexa e multilinear, com uma escrita onírica, em que os personagens aparecem sem razão, agem segundo desígnios inexplicáveis e não chegam a lado algum. Mas estas características, que podiam anular o próprio acto de escrita, tornam-na inexplicavelmente enigmática e desafiam-nos a tentar descortinar os seus propósitos.
José Luandino Vieira, cidadão angolano com um percurso tumultuoso de luta, escreveu a sua obra nas diversas prisões por onde passou. O livro obedece a um ritmo quase de "stream of consciousness", duro, pungente, imparável e encriptado.
São três histórias dominadas por recordações de infância, de tons, sabores e acções há muito passadas, transpostas agora para papel. Não é a realidade ali patente que distancia e acaba por entorpecer o leitor, mas sim os fantasmas e as vivências nubulosas do autor que as narra.
Aqui, José Luandino Vieira multiplica, em três histórias que se continuam umas nas outras, toda a "sabença" com tempo de raiz e tempo de semente e que não é senão a escrita de que é mestre absoluto. Um inventário do riso cresce nos voos das vozes a que cada palavra acrescenta um rasto de silêncio, acelera o tempo do discurso e põe em germinação uma arte poética em cada frase: "as flores fervem as cores". Rente às palavras e nos limites da água os "surdos corredores da memória" rebentam nas mãos o mapa da cidade vivida, o alumbramento deste antigamente na escrita.
Ana Paula Tavares
Aqui, José Luandino Vieira multiplica, em três histórias que se continuam umas nas outras, toda a "sabença" com tempo de raiz e tempo de semente e que não é senão a escrita de que é mestre absoluto. Um inventário do riso cresce nos voos das vozes a que cada palavra acrescenta um rasto de silêncio, acelera o tempo do discurso e põe em germinação uma arte poética em cada frase: "as flores fervem as cores". Rente às palavras e nos limites da água os "surdos corredores da memória" rebentam nas mãos o mapa da cidade vivida, o alumbramento deste antigamente na escrita.
Ana Paula Tavares